Dona da AliExpress troca de CEO em guinada repentina nos negócios
Saída de Daniel Zhang acontece meses após Alibaba Group anunciar reestruturação corporativa. Ações caem
Líder do comércio eletrônico chinês e dono da AliExpress, o Alibaba Group está substituindo o CEO e presidente do conselho Daniel Zhang, que estava há oito anos à frente da empresa. Os cargos agora serão ocupados por duas pessoas diferentes.
O vice-presidente executivo Joseph Tsai, confidente de longa data do bilionário cofundador Jack Ma, assumirá o cargo de presidente do conselho. Já Eddie Wu, presidente das principais divisões de comércio online Taobao e Tmall do Alibaba, ocupará a cadeira de CEO da companhia avaliada em US$ 240 bilhões.
A saída inesperada de Zhang acontece depois que o Alibaba anunciou uma reestruturação que desmembrou a companhia em seis. A mudança é uma tentativa de aumentar o crescimento, além de criar uma família de líderes autônomos em negócios de computação em nuvem e logística para o comércio internacional.
Zhang revelou sua visão em detalhes quando o Alibaba registrou o terceiro trimestre consecutivo de crescimento de receita de um dígito, reforçando as preocupações de que uma recuperação dos gastos do consumidor chinês pode estar mais distante do que o previsto.
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Para se ter uma ideia, nesta terça-feira (20), as ações do Alibaba caíram 2,4% durante as negociações de pré-mercado em Nova York.
"O bom é que o novo CEO e o novo presidente do conselho são todos cofundadores da empresa e os mais próximos de Jack Ma. Isso significa que Ma continua sendo o líder espiritual do Alibaba — disse Kenny Wen, chefe de estratégia de investimentos da KGI Asia" Não acho que a mudança de gerenciamento sinalize uma grande mudança de estratégia.
Zhang segue no grupo
Zhang permanecerá como chefe do negócio de nuvem. Ele assumiu o comando em 2015 depois de ganhar destaque como um dos arquitetos do “novo varejo” da empresa. A iniciativa é destinada a unir o varejo físico e on-line, além de estender o domínio do grupo em áreas de shoppings e supermercados. Ele se tornou presidente alguns anos depois, quando o crescimento aumentou e o grupo e se tornou a empresa mais valiosa da China.
Mas, em 2020, os reguladores reprimiram Ma e seu Ant Group — empresa afiliada ao Alibaba — depois que o bilionário irritou os reguladores chineses. Foi então que Pequim iniciou uma repressão na esfera de tecnologia de propriedade privada logo depois, acusando o grupo de comportamento monopolista e aplicando, em seguida, uma multa recorde pelas supostas violações.
Desde então, a empresa nunca mais recuperou seu crescimento estratosférico, especialmente porque novos entrantes, como ByteDance e PDD Holdings, minaram seu negócio principal. O grupo começou a perder participação de mercado na nuvem, seu outro motor de crescimento, para rivais estatais.
A nomeação de um novo CEO da Alibaba, Eddie Wu, reflete um provável aumento na contribuição da unidade para a holding, principalmente, porque as participações em três das outras cinco entidades enfrentam diluição de IPOs iminentes e captação de recursos externos.
A realocação do atual CEO Daniel Zhang, uma figura conhecida entre os investidores, para o negócio de nuvem altamente dinâmico pode oferecer alguma segurança aos acionistas do Alibaba enquanto aguardam sua parte nesta unidade por meio de dividendos de ações.
Incertezas para o Alibaba Group
Além da crescente concorrência, a Alibaba também sofre com as incertezas macroeconômicas na China. Uma recuperação pós-Covid na segunda maior economia do mundo é parcialmente prejudicada pelos esforços de Washington para restringir o acesso da China a tecnologias críticas.
Embora Pequim tenha prometido apoiar o setor privado depois que sua dura repressão essencialmente obliterou o ritmo de crescimento do setor de internet, uma vez inebriante, essas promessas ainda não se traduziram em políticas significativas.
A mais recente manobra da gigante chinesa do comércio eletrônico traz “a antiga administração do Alibaba de volta ao palco”, disse Willer Chen, analista sênior de pesquisa da Forsyth Barr Asia.
"Não tenho certeza se é uma coisa boa para o Alibaba, visto que agora a chave deve ser novos impulsionadores de crescimento e o plano de reestruturação."