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NEGÓCIOS

Dona da Hershey's rejeita oferta de compra pela Mondelez, diz fonte

Pessoas próximas ao negócio afirmaram que proposta foi muito baixa

Fábrica da MondelezFábrica da Mondelez - Foto: divulgação

O principal acionista da Hershey's rejeitou uma oferta de aquisição feita pela Mondelez, segundo fontes. O movimento pode encerrar uma nova tentativa de fusão, que criaria um gigante do setor alimentício que possuem vendas combinadas de quase US$ 50 bilhões (cerca de R$ 300 bilhões).

A Hershey Trust, que detém cerca de 80% do poder de voto na empresa de chocolates, recusou a proposta por considerá-la muito baixa, disseram fontes. Garantir o apoio da controladora é crucial para qualquer acordo, já que ela possui quase todas as ações de Classe B da companhia, que garantem a estratégia de controle da empresa.

A oferta pela Mondelez havia sido feita à Hershey no início da semana.

A Hershey Trust já usou seu poder de voto para barrar negócios no passado. Em 2016, a Mondelez desistiu de discussões sobre uma possível aquisição da Hershey's após ver uma oferta de US$ 23 bilhões rejeitada pela fabricante de chocolates.

Na quarta-feira, a Mondelez aprovou uma autorização de recompra de ações de até US$ 9 bilhões e afirmou estar comprometida com suas prioridades de alocação de capital, incluindo reinvestimento em marcas e uma “estratégia de aquisição focada em ativos complementares” — termo usado para descrever negócios relativamente pequenos.

A Hershey's seria uma aquisição de grande porte, com uma avaliação superior a US$ 40 bilhões (cerca de R$ 240 bilhõees), incluindo dívida, segundo dados compilados pela agência Bloomberg.

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O anúncio “esfriou” qualquer possível acordo com a Hershey, comentou Adam Crisafulli, da Vital Knowledge.

Procurada, a Hershey se recusou a comentar, enquanto Mondelez e a Trust não foram localizadas. As ações da Mondelez encerraram em alta de 2,22% ontem na Nasdaq, enquanto as da Hershey encerraram em baixa de 5,44% na Bolsa de Nova York (NYSE).

Fundada no final do século 19, a Hershey é conhecida por suas marcas de chocolates e doces, incluindo Hershey’s Kisses, a manteiga de amendoim Reese’s e a barra de chocolate PayDay. Em novembro, a empresa expandiu seu portfólio de doces com a aquisição dos chicletes Sour Strips.

Liderada pela CEO Michele Buck, a Hershey's tem enfrentado preços recordes de cacau, que, apesar de terem caído em relação aos picos, continuam significativamente elevados em comparação a anos anteriores. Os custos do açúcar também estão altos.


No mês passado, a Hershey's reduziu sua previsão de crescimento de vendas líquidas e lucros, à medida que consumidores impactados pela inflação controlam seus orçamentos. O diretor financeiro da empresa, Steve Voskuil, afirmou que o cacau será o “maior componente” da inflação de custos da empresa em 2025.

A abordagem preliminar da Mondelez foi feita pouco depois de a Hershey's divulgar resultados do terceiro trimestre abaixo das expectativas dos analistas, informou a emissora CNBC no início desta semana, citando fontes não identificadas. A Hershey Trust teria pedido “mais dinheiro”, informou o canal de notícias americano.

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A nova investida da Mondelez, sediada em Chicago e conhecida pelas marcas de biscoitos Ritz e Oreo, destacou os desafios impostos pelos altos preços do cacau e pelos consumidores mais cautelosos. A indústria de alimentos embalados tem enfrentado queda nos volumes, desaceleração do crescimento e um consumidor global mais enfraquecido.

As empresas buscam inovação e novos mercados para impulsionar as vendas, à medida que os compradores começam a resistir aos aumentos de preços e se tornam mais preocupados com a saúde — uma tendência que pode levar à consolidação no setor.

Em agosto, a fabricante de snacks Mars, dona da M&Ms, comprou a Kellanova, fabricante da Pringles, por quase US$ 36 bilhões, incluindo os passivos da empresa.

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