"Efeito Americanas é pontual e não gera contaminação" no crédito, diz chefe do Banco Central
Na avaliação de Fernando Rocha, país segue um ritmo de desaceleração do crédito às empresas e famílias
O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, avaliou nesta quarta-feira (29) que a crise da Americanas teve efeito "pontual" na concessão de crédito, sem risco de contaminação na oferta geral. Ainda segundo Rocha, o país segue um ritmo de desaceleração do crédito às empresas e famílias desde o começo do segundo semestre de 2022.
— Do meu ponto de vista, o efeito [da crise] das Lojas Americanas no mercado de crédito é pontual. Não gera contaminação ou maior espraiamento. Sendo um efeito pontual, ele materializa principalmente naquelas operações em que a Americana tinha maior exposição. Tem um impacto pontual e não dá pra dizer que a queda [no saldo de crédito], neste mês, foi devido a isso — avaliou em coletiva à imprensa.
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O volume de crédito livre para empresas totalizou R$1,3 trilhão em fevereiro, queda de 1,2% no mês. Dentro dessa categoria está a chamada modalidade de desconto de duplicatas para pessoas jurídicas com R$ 164,2 bilhões, redução de 7,7% no mês. É essa modalidade que pode ter sido impactada pela crise na varejista, segundo Rocha.
Em relatório no início do mês, o Banco Central já havia reconhecido que a crise da Americanas afetou a rentabilidade do sistema financeiro nacional. Segundo a autarquia, um “evento relacionado a empresa de grande porte” fez os bancos elevarem suas provisões e resultou em uma deterioração nos preços de ativos no mercado de títulos privados.
O temor de uma “contaminação” do caso Americanas é pelo lado da oferta. Com aumento da inadimplência de pessoas jurídicas (aliada à inadimplência de pessoas físicas), as instituições financeiras tendem a restringir a concessão de crédito e aumentar as taxas de juros, para compensar o risco.
Dados do BC: Juros cobrados de famílias e empresas atingem o maior patamar desde 2017
Como causa da desaceleração total no crédito, Fernando Rocha pontua fatores como a redução da atividade econômica e alta da taxa básica de juros (Selic) - que está em 13,75% desde agosto de 2022.
— A partir do segundo semestre tem uma desaceleração do crédito. Isso significa que o crédito continua crescendo, porém em volumes menores — diz Rocha.