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El Niño aumenta incerteza sobre crescimento do PIB na América Latina, indica Banco Mundial

Ao revisar para cima a projeção de crescimento da região, de 1,4% para 2%, instituição financeira alertou que fenômeno climático é fator de risco para economia

Fenômeno El NiñoFenômeno El Niño - Foto: Podaac / NASA

Os eventos climáticos gerados pelo El Niño adicionam uma camada de incerteza sobre o crescimento da América Latina e Caribe, aponta relatório do Banco Mundial divulgado nesta quarta-feira. A instituição financeira revisou a projeção de crescimento latino-americano e caribenho, em 2023, de 1,4% para 2%, mas alertou sobre "ventos contrários" na economia, incluindo os climáticos.

Para o Brasil, o banco melhorou a projeção de crescimento este ano, de 1,2% para 2,6%. Para 2024 e 2025, no entanto, a revisão foi das perspectivas foi para baixo: de 1,4% para 1,3% e de 2,4% para 2,2%, respectivamente.

No documento "Conectados: tecnologias digitais para a inclusão e o crescimento", o Banco Mundial aponta que a chegada do El Niño "limitará a produção agrícola e causará problemas, de modo geral, em vários países".

O relatório lembra que a região está particularmente exposta a condições climáticas extremas, diante da dependência de exportações agrícolas e da vulnerabilidade ao aumento das temperaturas.

'Impacto significativo'

Em entrevista coletiva, mais cedo, o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe (ALC), William Maloney, destacou que a região deve ficar entre piores do mundo em termos de crescimento econômico em 2023, atrás apenas do Sudeste Asiático.

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Sobre o El Niño, ele citou "impacto significativo" gerados pelos problemas climáticos, como a seca, e disse que era preciso acompanhar como o fenômeno iria evoluir.

No relatório, a instituição aponta os efeitos desiguais do El Niño, com chuvas e tempestades no sudeste da América do Sul e secas, com temperaturas altas, no nordeste da região. A instituição cita ainda a previsão da Organização Meteorológica Mundial que aponta probabilidade de 90% do fenômeno continuar durante o segundo semestre de 2023.

Efeito El Niño no comércio e exportações

O Banco Mundial lembra que o fenômeno climático "têm repercussões globais", com efeito nos canais comerciais de escoamento de produção e nos preços. A seca histórica no Panamá é citada como exemplo. O fenômeno obrigou a Autoridade do Canal do Panamá a reduzir o peso e o número de navios que atravessam o canal, afetando as exportações dos países da região.

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Efeitos negativos no Peru, Bolívia, Equador e Colômbia também são lembrados. O texto aponta ainda um estudo de 2017 que estima impacto do El Niño para o PIB de áreas tropicais e temperadas, com "redução de 0,8 ponto percentual no crescimento de países localizados em áreas tropicais e úmidas, e uma redução de 0,7 ponto percentual em países de áreas temperadas e áridas".

Além do El Niño, configuram entraves para o crescimento PIB da região as altas taxas de juros, o avanço mais baixo de grandes economias e o recuo nos preços de matérias primas. O relatório aponta que as previsões baixas para economia regional, semelhantes às da década de 2010, "são insuficientes para reduzir a pobreza e as tensões sociais".

Revisão da projeção do PIB no Brasil

Para o Brasil, o banco melhorou a projeção de crescimento este ano, de 1,2% para 2,6%. Para 2024 e 2025, no entanto, a revisão foi das perspectivas foi para baixo: de 1,4% para 1,3% e de 2,4% para 2,2%, respectivamente.

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Sobre o Brasil, o banco elogiou a subida rápida dos juros pelo Banco Central como medida efetiva para conter a inflação, e destacou o início do desaperto monetário mais precoce em relação ao restante dos países. À imprensa, Maloney disse que também chamou a atenção da instituição as altas taxas de consumo interno, fator que o país está lidando "de forma construtiva", segundo ele.

Entre os pontos de preocupação, o Banco cita o nível da dívida pública brasileira em relação ao PIB. "Essa situação exige que os governos da região tomem medidas enérgicas para garantir a sustentabilidade das finanças públicas no longo prazo. [...]O caso mais extremo é o do Brasil, onde os pagamentos de juros representam quase 7 por cento do PIB", indica o documento.

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