Em Davos, Guedes diz que Brasil está destinado a ser um gigante da energia "limpa e barata"
Ministro fala em evento internacional horas após representante americano para o clima falar que Brasil é "país crítico" e pedir fim do desmatamento da Amazônia
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira (25) que o Brasil está destinado a ser um gigante da energia “limpa e barata” e afirmou que conversou com europeus para possíveis investimentos no país. O ministro participou de evento que discutia a dívida global no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
— Quinze por cento da nossa energia são eólica e solar e vamos dobrar isso, 65% são de hidrelétrica. Praticamente 80% são energia limpa. Quem vai produzir hidrogênio limpo para a Europa? Porque eles não podem depender do gás natural russo. Nós somos os candidatos, então quem quer produzir energia eólica vem para o Brasil — disse Guedes durante o painel.
A fala de Guedes ocorreu poucas horas após o enviado especial do governo americano para o clima, John Kerry, ter dito também em Davos que os Estados Unidos "estão trabalhando muito de perto" com o Brasil sobre a Amazônia. Ele disse que o Brasil é um "país crítico" na questão climática e que é crucial barrar o desmatamento da Amazônia.
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O ministro aproveitou a oportunidade para defender a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Guedes relatou que conversou com representantes de países como Bélgica e França e, argumentando que eles barram a entrada do Brasil por serem protecionistas na agricultura, disse que eles deveriam aceitar antes de se tornarem “irrelevantes” para o país.
— Eu conversei com eles, eu disse que eles precisam nos aceitar antes de se tornarem irrelevantes para a gente. Nós costumávamos ter uma balança comercial de US$ 2 bilhões com a França e de US$ 2 bilhões com a China no começo do século. Agora nós trocamos US$ 120 bilhões com a China e US$ 7 bilhões com a França, é irrelevante pra gente — relatou o ministro.
O ministro ainda disse que a Europa poderia ficar “isolada” se não se integrasse com outras regiões do mundo, como a América Latina.
— Eu falei para os europeus: Vocês perderam a Rússia e agora vocês estão perdendo a América Latina. Vocês ficarão sozinhos se não entenderem que devemos integrar os que ficaram para trás.Nós ficamos para trás, mas agora vamos crescer no eixo de energia verde, digital e segurança alimentar — afirmou.