Em dia muito negativo em NY, Ibovespa cai 0,13%, aos 126,4 mil pontos
O desempenho positivo das principais ações da B3, Vale e Petrobras, impediu que o índice da B3 enfrentasse ajuste mais forte
Em tarde de correção mais forte em Nova York, onde as perdas no fechamento desta quarta-feira chegaram a 3,64% (Nasdaq), o Ibovespa não conseguiu evitar a segunda retração seguida, embora mais suave do que a de ontem, quando havia cedido quase 1%.
Assim, nas últimas cinco sessões, a conta negativa chega a quatro, com apenas uma alta, na segunda-feira, 22 - e de apenas 0,19%.
Hoje, o índice da B3 limitou a perda do dia a 0,13% no fechamento, aos 126.422,73 pontos, tendo permanecido em margem bem estreita entre a mínima (126.217,81) e a máxima (126.822,50) da sessão, em que saiu de abertura aos 126.595.56 pontos.
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Moderado, o giro financeiro ficou em R$ 18,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,94%, restringindo a alta do mês a 2,03% - no ano, cai 5,78%.
O desempenho positivo das principais ações da B3, Vale (ON +0,61%) e Petrobras (ON +1,01%, PN +0,80%), impediu que o índice da B3 enfrentasse ajuste mais forte nesta quarta-feira, de pressão no câmbio: o dólar à vista fechou em alta de 1,25%, a R$ 5,6562.
O dia também foi de progressão para a curva de juros doméstica, assim como para os yields dos vencimentos mais longos dos Treasuries.
Por outro lado, em Londres e Nova York, o petróleo voltou a subir hoje após quatro sessões de queda. A alta acompanhou o enfraquecimento do dólar ante divisas fortes e a queda nos estoques da commodity nos EUA, que recuaram além do esperado.
Em Nova York, o WTI para setembro fechou em alta de 0,82% (US$ 0,63), a US$ 77,59 o barril, enquanto, em Londres, o Brent para outubro - que passou a ser o contrato mais líquido hoje - fechou em alta de 0,94% (US$ 0,75), a US$ 80,82 o barril.
Assim, na B3, duas das maiores altas na carteira Ibovespa tiveram relação com o setor petrolífero, com Prio em avanço de 5,02% e PetroReconcavo, de 3,76%.
O movimento majoritariamente positivo do setor decorre desse respiro do petróleo em mês, até aqui, predominantemente negativo para a commodity, reporta a jornalista Amélia Alves, do Broadcast.
Também na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para CSN Mineração (+1,41%) e Vamos (+1,24%). No lado oposto, Carrefour (-7,25%), Petz (-5,60%), Assaí (-4,58%), Multiplan (-4,35%) e Magazine Luiza (-4,19%).
Entre os grandes bancos, o sinal que prevaleceu foi o negativo, à exceção de Bradesco PN (+0,08%) e de Santander, em leve alta de 0,35%, após balanço trimestral divulgado antes da abertura desta quarta-feira.
"O Santander apresentou forte resultado na comparação anual, com alta de 44,3% no lucro líquido, acima do consenso de mercado. Além disso, o retorno sobre o patrimônio médio apresentou variação positiva, para 15,5%", diz Matheus Falci, sócio da One Investimentos.
No quadro mais amplo, "a sessão de hoje foi marcada por pouca variação, com o Ibovespa tendo permanecido perto do zero a zero" em boa parte do dia, diz Flávio Figueiredo, especialista da Valor Investimentos, destacando a forte alta tanto no dólar à vista como no futuro, refletindo a maior aversão a risco e amparando o pouco apetite por ações na B3 nesta quarta-feira.
Teria sido pior, observa o analista, não fosse o desempenho das petrolíferas nesta véspera de divulgação dos resultados trimestrais de outra importante empresa de commodities, a Vale.
"A temporada de balanços do segundo trimestre vai até a primeira semana de agosto, então o momento ainda é de cautela para os investidores", acrescenta Figueiredo.
"Além disso, reina grande expectativa no mercado doméstico quanto ao IPCA-15, com projeção revista para cima no último boletim Focus. Na minha visão, são muitas as forças que mantêm o mercado acionário com o freio de mão puxado no momento", aponta Felipe de Castro, sócio da Matriz Capital.
Ele destaca, por outro lado, a "resiliência" do Ibovespa em dia bem negativo no exterior, com os investidores buscando proteção nos Treasuries mais curtos - como os de dois anos - em meio ao tombo dos índices amplo (S&P 500 -2,31%) e tecnológico (Nasdaq -3,64%) de Nova York.