Em tom alarmista, Guedes afirma a Bolsonaro que país vai quebrar se houver reajustes para servidores
Ministro da economia compara risco fiscal a tragédia de Brumadinho e cita derrota de Macri nas eleições
Com o aumento da mobilização de diversas categorias de servidores para pressionar o governo por reajustes salariais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou mensagens ao presidente Jair Bolsonaro, a grupos de ministros e integrantes da equipe econômica alertando que os aumentos podem quebrar o país.
O teor das mensagens foi revelado em primeira mão pelo colunista Lauro Jardim. O texto foi encaminhado pelo ministro da Economia na última segunda-feira (28) e mostra o nível de preocupação do chefe da área econômica de Bolsonaro às vésperas de um ano eleitoral.
"Se aumentarmos os salários e a doença (covid-19) voltar, quebramos!", alertou Guedes.
A pressão por reajustes ocorreu depois que o presidente Bolsonaro ordenou um aumento salarial para policiais federais, agentes penitenciários e Polícia Rodoviária Federal. A primeira reação partiu dos auditores fiscais da Receita Federal, que entregaram mais de 700 cargos de chefia e decidiram realizar “operações tartarugas” a partir de segunda-feira.
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As mensagens de Guedes indicam preocupação com as contas públicas. Ele lembra que, após policiais, já há pressão de servidores do Banco Central e da Receita Federal.
"Estamos em economia de guerra contra a pandemia. Quem pede aumento agora não quer pagar pela guerra contra o vírus. Já tomei minha vacina agora quero reposição de salário:não vou pagar pela guerra ao vírus, escreveu Guedes.
“Ok, se houver reestruturação de uma carreira; melhor ainda se dentro de uma reforma administrativa. Reforma administrativa corta 30 bilhões por ano poderia aumentar 10% salários do funcionalismo após a reforma, valorizando o funcionalismo atual, pois ficaria zero a zero”, ressaltou o ministro, destacando algumas palavras em letras maiúsculas, para reforçar seus argumentos.
Para ilustrar o cenário atual, o ministro citou a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, cujo rompimento da barragem, em janeiro de 2019, deixou mais de 300 mortos, e o ex-presidente argentino Maurício Macri, de direita, que perdeu a reeleição por causa da piora da situação econômica no país vizinho.
“Sem isto, reajuste geral para funcionalismo é inflação subindo, Brumadinho e Macri nas eleições!", afirmou.
"Temos que ficar firmes! (Do contrário, os aumentos serão igual a) Brumadinho : pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama".