Empreendedores ressaltam potencial de negócios de Recife e Olinda
Mesmo com a pandemia, investidores continuam apostando nas duas cidades
“Nesse momento de pandemia, os profissionais precisam se reinventar. Encontrar neles mesmos, o potencial que têm para realizar outras ações em suas áreas. E Recife e Olinda são cidades de pessoas guerreiras que precisam sempre levantar a bandeira e dizer que são pernambucanas sim, com muito orgulho. É preciso entender que estamos no mesmo nível do que qualquer outro lugar do País”. Esse é o sentimento da empresária de eventos, Luciana Costa, moradora de Olinda e que realiza negócios nas cidades-irmãs.
Ela conta que, com a crise - e o consequente cancelamento de eventos -, decidiu partir para atuar na área de consultoria de empresas. “Estou fazendo alguns trabalhos na área de saúde porque as empresas estão preocupadas em capacitar seu pessoal – que já tem uma qualidade técnica muito alta – para lidar com o que está acontecendo. “Esse foi a minha reinvenção. Acho que, em todas as carreiras, existe essa possibilidade”.
Quem corrobora com essa ideia de que Recife e Olinda têm um potencial para negócios muito maior do que os próprios cidadãos imaginam é a presidente da Associação das Empresas de Tecnologia de Pernambuco (Assespro), Laís Xavier. “Somos privilegiados. Recife é uma cidade que respira pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico. Segundo Laís, o “Made in Pernambuco” é um diferencial para todas as empresas daqui que realizam negócios fora do Estado. Para a presidente da Associação, também a primeira mulher a assumir o posto, é preciso, no entanto, que haja um maior esforço voltado à formação profissional para a área. “Queremos que esses espaços, Recife e Olinda, floresçam ainda mais. Mas lidamos com a escassez de mão-de-obra qualificada”, ressalta.
E foi na capital pernambucana também que surgiu, em 1999, a rede de restaurantes Camarão e Cia – que hoje conta com 50 unidades por todo o Brasil. Alguns anos depois, em 2005, o grupo Drummatos inaugurou também o restaurante Camarada Camarão – que funciona apenas no modelo de unidade própria ou em parceria – e que já conta com 12 filiais, muitas das quais, fora do Estado. “Como empresário foi aqui que criei o meu primeiro negócio e é aqui onde mantenho a sede da empresa. Até pela localização, um ponto central na região, Recife é estratégico para o grupo Drummatos”, afirma o presidente do grupo, nascido no Rio de Janeiro, Sylvio Drummond.
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ECONOMIA CRIATIVA - “Somos uma cidade onde a economia criativa é bastante desenvolvida. E, nas atuais circunstâncias, precisamos fazer os empreendedores acreditarem que temos vantagens para atrair, principalmente, os turistas. No sítio histórico de Olinda, as pessoas podem caminhar ao ar livre, sem aglomeração. É possível desenvolver novos espaços voltados à arte, cultura e turismo”. A avaliação é da empreendedora Natália Reis – que está concluindo a formatação da Estação da Luz, na Rua Prudente de Morais, também conhecida como Casa de Alceu Valença. Natália conta que o projeto deveria ter sido concluído em março do ano passado, mas a pandemia fez com que o prazo fosse adiado. Só que isso não a fez desistir da ideia. “Seremos um local que contará com uma exposição permanente da obra de Alceu, além de exposições temporárias, cursos e oficinas, entre outros”.
A mesma paixão pela sua cidade é vivida por Beth Lima, proprietária de um restaurante no Bairro do Recife há 23 anos. “Eu sou fã desse local. Foi aqui que a cidade começou. Quando cheguei com O Poeta, só havia bancos e depois surgiu o Porto Digital. Por isso, vi muito da história recente da cidade acontecer a partir daqui”. Apesar de seu empreendimento registrar um movimento equivalente a 30% dos tempos antes da pandemia, Beth se mostra perseverante e garante acreditar em uma retomada ao normal em breve. “As pessoas precisam se cuidar sempre. De nossa parte, procuramos fazer tudo corretamente para que a economia volte a girar”. Para atender às novas normas sanitárias impostas pelo coronavírus, com os bares e restaurantes sendo obrigados a ocupar apenas 50% de sua capacidade, a empresária encontrou uma solução criativa: colocou bonecos de 12 poetas nas mesas que não podem ser usadas. Assim, as pessoas chegam e podem almoçar acompanhadas de Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, entre outros.