Economia

Empreendedorismo se aprende na prática do dia a dia, mas também na sala de aula

Instituições abrem oportunidades para quem quer testar modelo de negócio ou conhecer novas ferramentas de gestão

EmpreendedorismoEmpreendedorismo - Foto: Pixabay

Com a pandemia, a taxa de empreendedorismo por necessidade subiu de 37,5% para 50,4%, o mesmo nível de 18 anos atrás, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020, realizada no Brasil pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ). Segundo o levantamento, 82% dos novos empreendedores alegaram que foram motivados pela ausência de vagas formais.

Em muitos casos, por empreenderem por necessidade, os pequenos empresários não buscam capacitação. Eles administram seus negócios pelo instinto e com a experiência que trazem do mercado formal. Não à toa, a taxa de mortalidade das empresas chega a 29%, também segundo uma pesquisa do Sebrae.

Por outro lado, as universidades observaram o aumento do interesse pelo empreendedorismo a partir do crescimento do ecossistema de startups no país, especialmente pelo sucesso dos unicórnios, empresas iniciantes que atingem um valor de mercado acima de US$ 1 bilhão.

"O interesse dos alunos por empreendedorismo aumentou muito nos últimos anos. Isso também se reflete na graduação. Hoje, empreender é uma trajetória de carreira, não é mais o plano B. As novas gerações aspiram por autonomia e querem fazer a diferença no mundo em que vivemos, e empreender por ser um meio para alcançarem suas ambições", diz Lucimar Campos Caldeira Dantas, gerente dos Hubs de Inovação e Empreendedorismo do Ibmec RJ.

Para investir na formação executiva em empreendedorismo, o aluno não precisa necessariamente ser um empreendedor, afirmam os coordenadores dos cursos.

"Os que já possuem um negócio constituído vão se atualizar e aprender ferramentas mais modernas de gestão. Os que ainda estão na fase das ideias vão poder testar seu modelo de negócio para ver se tem demanda de clientes, aderência da solução, viabilidade técnica e também financeira", analisa Alice Ferruccio, diretora adjunta de Carreira e Empreendedorismo da Politécnica/UFRJ, quem tem em sua grade o curso Empreendedorismo e Gestão de Novos Negócios.

Segundo os especialistas, é possível, sim, aprender a empreender na escola.

"São poucas as pessoas que empreendem com sucesso sem uma educação de qualidade. Dos dez maiores unicórnios brasileiros, todos os fundadores são formados em graduações e pós-graduações de universidades e escolas de renome", diz Camila Securato, diretora de Receita da Saint Paul Escola de Negócios.

Com muitos anos de experiência, Alessandra Almeida sentiu a necessidade de melhorar a gestão de sua indústria alimentícia voltada para a fabricação de salgadinhos para eventos e varejo. Por isso, ela procurou o Global MBA Executivo Business Management, do Ibmec RJ. A vivência em sala de aula e a troca com os colegas fez com que o negócio sobrevivesse durante o pior período da pandemia.

"Em março de 2020, os eventos foram paralisados. Pensei em trancar o MBA, mas a escola insistiu para que eu ficasse. Levei minha empresa para ser objeto de estudo na sala de aula, e os colegas e os professores me deram diversos insights de como gerir o negócio naquela situação. O MBA foi um divisor de águas", revela.

Uma das lições foi a diversificação do negócio. Se antes da pandemia, 67% do faturamento vinha de eventos, agora corresponde a menos de 40%. O fornecimento da empresa foi pulverizado para supermercados, revendedores e delivery.

Mesmo nas escolas que não estruturam um programa formal de empreendedorismo, o tema faz parte da grade de diversos cursos. O Ibmec RJ não tem uma formação específica na área, mas o tema está presente em todos os MBAs.

"Incluímos em todos os nossos programas o empreendedorismo como uma ação do indivíduo. Desta forma, os alunos de Gestão de Negócios discutem empreendedorismo no âmbito de negócios, os alunos do MBA de Logística discutem o tema no âmbito da logística, por exemplo", explica Lucimar Campos Caldeira Dantas, do Ibmec RJ.

A instituição criou ainda o Hubs, uma incubadora de startups voltada para os alunos, mas também aberta a empresas de fora.

O Insper estrutura um programa formal de empreendedorismo para meados do próximo ano, mas já criou o Centro de Empreendedorismo (CEMP), que oferece um programa de Advisory, Mentoria & Acompanhamento. O objetivo é ajudar alunos empreendedores a avançarem com seus novos negócios ao longo de seu processo de desenvolvimento. A escola também lançou o Programa de Residentes, que tem como objetivo oferecer um espaço de trabalho compartilhado para negócios que nascem dentro do ecossistema da escola.

"O aluno tem acesso a uma série de estruturas de suporte, não só na sala da aula. O desenvolvimento do negócio não é assíncrono com a disciplina. Às vezes, a empresa vai avançar mais rapidamente e precisar desse suporte no momento certo", diz Thomaz Martins, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper.

Na Escola Politécnica da UFRJ, os alunos podem praticar o aprendizado por meio de iniciativas como a Fluxo Consultoria e o Laboratório de Empreendedorismo e Novos Negócios.

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