Empresariado vê discurso de Bolsonaro com apreensão
Representantes de alguns setores da economia comentaram discursos do presidente
Representantes do empresariado acompanharam o discurso de Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (7), com apreensão. A avaliação geral é que, passado o evento, o presidente deveria focar a retomada e perseguir a agenda econômica deixando a política de lado.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de bares e restaurantes), afirma que encerrou o dia aliviado porque estava apreensivo com a possibilidade de violência nos atos.
"Eu acho que o empresariado sai menos tenso desse momento e que podemos ter uma semana positiva. Espero que a gente continue lidando com as questões políticas dentro da Constituição", diz ele.
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João Diniz, presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), afirma que as falas de Bolsonaro contribuem para gerar desunião e discórdia.
Ele critica os ataques às instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e pede que, em vez de bravatas, o presidente dê mais atenção à pauta econômica e à crise energética. "Cada vez que ele [Bolsonaro] abre a boca a Bolsa cai, o dólar sobe", diz.
Para José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), as manifestações desta terça foram uma demonstração cívica salutar, mas agora o País precisa discutir outras questões, como o combate à fome e à desigualdade.
"Eu acho que Bolsonaro poderia ter discutido isso mais profundamente, porque ele estava com esse capital [apoio popular] na mão", afirma.
Na avaliação de José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (Associação da Indústria do Plástico), Bolsonaro esticou ainda mais a corda e terá consequências na recuperação econômica e nas reformas. "Pode ser um caminho sem volta", diz.