Empresas de drones vencem obstáculo nos EUA e dividirão espaço aéreo para fazer entregas em casa
Serviço de delivery poderá ser feito por mais de uma empresa simultaneamente em Dallas e Fort Worth, no Texas, usando tecnologia de gerenciamento de tráfego
Os residentes da área de Dallas terão a oportunidade de vivenciar um marco no serviço de entrega por drones no próximo mês, quando empresas como a Wing Aviation, da Alphabet, navegarão pelo mesmo espaço aéreo para levar pequenos pacotes diretamente às casas das pessoas.
A Administração Federal de Aviação (FAA) autorizou a Wing e a Zipline International a colocarem no ar seus drones simultaneamente pelos subúrbios de Dallas e Fort Worth, no Texas, sem observadores visuais, utilizando tecnologia para gerenciar o tráfego e manter os drones afastados uns dos outros.
A agência espera que os voos iniciais utilizando o sistema de tráfego de drones comecem em agosto e que aprovações adicionais para outras empresas sejam emitidas em um futuro próximo.
“É algo que pode ser ampliado em todo o país”, disse Paul Fontaine, administrador assistente da FAA responsável pela modernização do sistema de transporte aéreo, em uma entrevista.
De acordo com a FAA, este desenvolvimento é inédito na aviação dos EUA e visa superar um obstáculo importante que tem impedido o serviço de delivery por drones.
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Os drones prometem ser uma alternativa mais rápida e ecológica em relação às entregas utilizando modos de transporte tradicionais, como vans, e podem ser usados para levar suprimentos essenciais, como medicamentos, a áreas remotas.
Entretanto, os críticos têm levantado preocupações sobre a privacidade, a poluição sonora e a segurança à medida em que os drones navegam em céus cada vez mais congestionados.
Espera-se que o número de drones nos EUA aumente acentuadamente nos próximos anos. A FAA projeta que o total de unidades registradas possa superar três milhões até 2028, bem mais que os 782.000 registrados em junho deste ano, dos quais quase metade é para uso comercial.
Como parte deste novo passo, a indústria será responsável por gerenciar o espaço aéreo usando um sistema que permite às empresas compartilhar dados e rotas de voo planejadas para que seus drones não colidam. É a primeira vez que os operadores podem usar isso para entregas no mundo real, com a FAA fornecendo supervisão para garantir a segurança.
"Para que realmente tenhamos drones fazendo entregas em nossas casas e voando por aí da maneira que as pessoas imaginam, será preciso mantê-los afastados ", disse Jeffrey Vincent, diretor executivo de integração de sistemas de aeronaves não tripuladas da FAA.
Vincent disse que este marco é um dos mais significativos, depois que várias empresas, incluindo a Wing; a UPS Flight Forward, da United Parcel Service; Prime Air, da Amazon; e Zipline, receberam autorizações do órgão regulador para voar drones em certas partes dos EUA sem que alguém no solo precise mantê-los fisicamente à vista.
A capacidade de voar no mesmo espaço aéreo e usar o sistema de gerenciamento de tráfego ajudará a eliminar barreiras que as empresas enfrentam ao escolher cidades americanas para operar, disse Okeoma Moronu, chefe global de assuntos regulatórios de aviação da Zipline, que faz parceria com varejistas, como a Walmart, bem como instalações de saúde e restaurantes.
A empresa, que em breve lançará sua operação na área de Dallas, já fez mais de 1,1 milhão de entregas comerciais em todo o mundo.
Antes da aprovação, os operadores precisavam voar em áreas diferentes ou os pilotos precisavam ligar uns para os outros se achassem que uma rota poderia se sobrepor.
"Significa que você pode realmente olhar para onde estão os negócios com os quais queremos fazer parceria e os clientes que queremos atender, e não precisamos nos preocupar com quem já está lá ", disse Moronu em uma entrevista.
Ter um sistema mais automatizado para as empresas compartilharem dados de voo é importante para o crescimento da indústria, disse Margaret Nagle, chefe de política, regulamentação e assuntos comunitários da Wing, que também faz parceria com a Walmart, bem como com o serviço de entrega de alimentos on-line DoorDash.
Segundo a FAA, as empresas começaram a testar o sistema de tráfego de drones na área de Dallas em 2023 — primeiro com simulações e depois com voos reais. Todos os drones voam abaixo de uma altitude de 400 pés, longe das aeronaves tripuladas. Os operadores realizaram milhares de voos antes de a agência aprová-los para atuar no mesmo espaço aéreo, acrescentou a FAA.
O uso da tecnologia no mundo real oferece uma chance para os EUA avançarem após anos tentando alcançar outras partes do mundo, incluindo a Europa, disse Amit Ganjoo, CEO da ANRA Technologies, que está fornecendo serviços de gerenciamento de tráfego para a Manna, startup irlandesa de entrega por drones.
"Isso dá aos EUA a oportunidade de dar um salto, de certa forma ", disse Ganjoo.
Ao mesmo tempo, as operações na área de Dallas ajudarão a informar o próximo grande marco para a indústria — a regulamentação proposta sobre voos de drones além da linha de visão que a FAA planeja lançar ainda este ano.
A regra eliminará a necessidade de as empresas dependerem de um conjunto de isenções e dispensas especiais para operar, disse John Vernon, cofundador e diretor de tecnologia da DroneUp, uma empresa de entrega por drones na qual a Walmart investiu.
"Estamos começando a remover obstáculos e avançar em uma direção que é extremamente benéfica para os operadores de drones ", disse ele.