Enel quer renovar concessão de distribuição de energia em São Paulo por mais 30 anos
Prefeito chegou a pedir saída da empresa após apagão que deixou 2 milhões sem energia
O CEO Global da Enel, Flavio Cattaneo, revelou nesta segunda-feira que a empresa, que vem enfrentando enfrentando críticas de autoridades por problemas na prestação do serviço de distribuição de energia em São Paulo, tem a intenção de renovar a concessão por mais 30 anos. Cattaneo falou durante evento de apresentação do novo ciclo de investimentos da empresa entre 2025 e 2027.
— Quando a Enel conseguiu a concessão em São Paulo houve uma disputa acirrada com outra empresa. A concessão expira nos próximos quatro anos, e queremos que ela seja renovada — disse.
Cattaneo lembrou que a cidade foi afetada por um evento climático muito forte em outubro, que deixou mais de 3 milhões de pessoas sem energia. Ventos de mais de 107 km/h atingiram a capital paulista provocando danos às redes de distribuição. Algumas pessoas ficaram sem o serviço por seis dias. Em novembro de 2023, um temporal também deixou 2 milhões de clientes no escuro, alguns por quase uma semana.
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A concessão em São Paulo vence em 2028. A empresa atua também no Rio de Janeiro (concessão vence em 2026) e no Ceará (2028). A Enel assumiu a concessão da distribuição de energia elétrica em São Paulo em 2018, após adquirir por F$ 5,5 bilhões a AES Eletropaulo em leilão na Bolsa de Valores.
A demora em restabelecer a energia nos últimos eventos causou críticas do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que defendeu a saída da empresa da cidade, assim como do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O prefeito chegou a pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão com a Enel. Por ser uma empresa sob concessão federal, a Enel é submetida às regras da Aneel, agência federal que faz a regulação e a fiscalização das concessionárias de energia.
Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu a melhora do serviços. Ontem, Lula se encontrou ontem com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Entre outros temas, eles debateram a “necessidade de avanços na melhoria do serviço prestado” pela empresa de distribuição de energia Enel, cujo capital tem participação do governo italiano. Lula e Meloni estiveram em uma reunião paralela, antes do início do encontro do G20, no Rio. Segundo a Presidência da República, foi debatida a atuação da empresa especialmente em São Paulo.
Lucro de 5,8 bilhões de euros
A Enel fechou os primeiros nove meses de 2024 com lucro de 5,8 bilhões de euros, apesar da queda nas receitas de 17,1%. No período, a receita total da companhia foi de 57,6 bilhões de euros, segundo balanço recente divulgado pela companhia.
No Brasil, a empresa obteve uma receita de 5,665 bilhões de euros, entre janeiro e outubro, ante os 5,805 bilhões de euros obtidos no mesmo período de 2023.
Hoje, a empresa revelou que pretende investir 6 bilhões de euros na América Latina na distribuição de energia entre 2025 e 2027. No ciclo anterior, a empresa (2024 a 2026) a Enel tinha anunciando investimentos de 3,5 bilhões de euros na região. No evento desta segunda, a empresa não detalhou quanto será investuido especificamente no Brasil. A Enela atua também no Chile, na Argentina e Peru.
— Falando da América Latina, e principalmente falando no Brasil, nosso propósito é ser rentável com nossas novas atividades — afirmou Cattaneo.
A Enel foi fundada em 1962 como uma estatal italiana, mas abriu o capital nos anos 1990. O governo italiano ainda é acionista, detendo 23,6% das ações da companhia.