mundo

"Energia limpa e ilimitada": cientistas conseguem manter processo de fusão nuclear por tempo recorde

Joint European Torus (JET) sustentou a produção de 69 megajoules de energia por 5 segundos com apenas 0.2 miligramas de combustível

Interior do JET, onde ocorreu o experimento de fusão nuclear Interior do JET, onde ocorreu o experimento de fusão nuclear  - Foto: United Kingdom Atomic Energy Authority

Cientistas e engenheiros do consórcio EUROfusion anunciaram, na última quinta-feira, que conseguiram manter um processo de fusão nuclear por tempo recorde usando a máquina Joint European Torus (JET), localizado perto de Oxford, na Inglaterra.

O dispositivo em formato de rosquinha, conhecida como “tokamak”, sustentou a produção de 69 megajoules de energia por 5 segundos com apenas 0.2 miligramas de combustível, segundo o jornal CNN. A conquista é mais um passo rumo a esse método de produção de energia limpa e ilimitada.

A fusão nuclear é o mesmo processo que produz calor e luz em estrelas como o Sol. Ela consiste em fundir o núcleo de elementos químicos usando temperaturas extremas para produzir quantidades enormes de energia com zero emissões poluentes e pouco lixo radioativo, segundo o Comitê de Gerenciamento de Resíduos Nucleares do governo britânico.

No caso do JET, cientistas aqueceram deutério e trítio, duas variantes de hidrogênio, a 150 milhões de graus celsius — dez vezes a temperatura do núcleo do sol — a fim de forçá-los a se fundirem, transformando-os em hélio.

As usinas nucleares atuais usam o processo de fissão nuclear, que consiste em dividir o átomo, produzindo menos energia e grandes quantidades de resíduos nucleares. Há décadas, cientistas tentam substituir a fissão pela fusão na produção comercial de eletricidade, mas ainda existem muitos obstáculos a serem superados.
 

O JET, por exemplo, consumiu mais energia para desencadear a fusão nuclear do que foi produzida pela reação, tornando o processo redundante do ponto de vista comercial. Além disso, mesmo que o excedente de energia seja alcançado, é difícil fabricar uma máquina capaz de sustentar as temperaturas extremas da fusão por tempo prolongado.

O experimento foi o último desse tipo a ser feito no JET, que já completa 40 anos de idade. No entanto, segundo Ambrogio Fasoli, CEO do EUROfusion, a iniciativa gerou mais otimismo em relação a outros projetos de fusão nuclear, como o ITER — o maior tokamak do mundo, ainda em construção na França — e o DEMO, cujo objetivo será produzir maiores quantidades de energia e servir de protótipo para futuras usinas comerciais.

“Nossa demonstração bem-sucedida de cenários operacionais para futuras máquinas de fusão como ITER e DEMO, validadas pelo novo recorde energético, inspira maior confiança no desenvolvimento da energia de fusão", declarou Fasoli em um comunicado.

Veja também

Ações no STF contra Reforma da Previdência põem R$ 206 bi em risco para União
Julgamento

Ações no STF contra Reforma da Previdência põem R$ 206 bi em risco para União

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor
Taxa de juros

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor

Newsletter