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FOTOVOLTAICA

Energia solar no campo ganha força

Limpa e inesgotável, fonte energética é a alternativa para que se tenha uma produção não só mais econômica como também ambientalmente responsável

Na zonal rural, em pouco mais de três anos demanda pelo sistema aumentou pelo menos seis vezesNa zonal rural, em pouco mais de três anos demanda pelo sistema aumentou pelo menos seis vezes - Foto: Absolar/Divulgação

Nestes tempos de transição energética, uma das preocupações dos produtores rurais, independentemente do porte do empreendimento, tem sido tornar o negócio cada vez mais sustentável sem perder a eficiência e a lucratividade. Entre as soluções que colaboram para isso, a energia solar fotovoltaica se destaca.

Limpa e inesgotável, essa fonte energética é uma alternativa relevante para que se tenha uma produção não só mais econômica como também ambientalmente responsável. Independentemente do tipo, a produção de energia elétrica gera impacto negativos ao meio ambiente, em maior ou menor escala, de acordo com cada matriz.

As usinas hidrelétricas, por exemplo, não são isentas de emissões. Os reservatórios, sistemas aquáticos artificiais, são fontes emissoras de gases. Isso ocorre por conta da decomposição da matéria orgânica inundada pelo reservatório (vegetação, solos e algas nele produzidas) e fora dele (sedimentos, matéria orgânica originada na bacia do rio), gerando emissões de dióxido de carbono e metano, que são Gases do Efeito Estufa (GEEs). 

As águas profundas dos reservatórios também sofrem alta pressão hidrostática e, ao passar pelas turbinas da usina, essa pressão cai de forma abrupta, liberando grande parte dos GEEs. Já a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica é o principal contribuinte para a emissão de GEEs, impactando a saúde pública e agravando contribuindo para a crise climática.

Além de utilizar recursos naturais esgotáveis, a energia produzida pelas termoelétricas, a partir da queima do petróleo, do carvão mineral ou do gás natural e da fissão nuclear são menos sustentáveis por emitir grande quantidade de GEEs. Isso faz com que a energia solar fotovoltaica seja a solução energética mais viável à tradicional rede pública de distribuição elétrica.

Zona rural
Até o final de 2023 (dados mais recentes), a zona rural do Brasil tinha quase 202 mil sistemas instalados (8,74% do total), gerando perto de 15% da energia. Em pouco mais de três anos aumentou pelo menos seis vezes. O percentual parece pequeno, mas já foi bem pior. Há cinco anos, produtores rurais detinham apenas 1% de participação na geração total de energia solar.

Equipamentos cada vez mais eficientes, queda nos preços e uma nova regulamentação impulsionaram o uso de energia solar também no campo. Estima-se que nos últimos dez anos, o período de retorno do investimento para quem apostou no sistema diminuiu de dez ou 12 anos para três ou quatro anos. Quanto aos custos, o preço de um módulo fotovoltaico recuou entre 30% e 40% em 2023, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).

O sistema funciona de duas maneiras: on grid, quando é conectado à rede pública de distribuição elétrica; e off grid, quando opera de forma autônoma. No caso do primeiro, o excedente da energia produzida pelas placas solares é absorvido pela rede, e o dono da unidade produtora ganha créditos para abater nas contas futuras.

Já off grid, que é autônomo, ou seja, não é integrado à rede pública de energia elétrica, é o sistema é ideal para locais distantes da rede ou sem acesso à distribuição de energia, como áreas rurais, tanto em ambientes produtivos como residenciais. A energia produzida é armazenada em baterias, garantindo o fornecimento à noite ou em períodos sem geração ou com variação na produção de energia, como pode ocorrer em dias nublados, dando total autonomia energética à propriedade.

Thiago CordeiroCordeiro: "Depois que mudamos para a energia solar, passamos a pagar a tarifa mínima                   Foto: Eurico Lemos/Divulgação 

Custos
O agricultor Thiago Cordeiro, sócio da Fazenda das Pinhas, em Inajá, no Sertão, onde cultiva pinha e atemoia, resolveu investir em um sistema de energia solar há um ano meio. Os custos, principalmente com a irrigação de 12 hectares, que giravam entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês só com energia elétrica, exigiram dele uma solução.

A migração para a energia solar fotovoltaica, realizada pela empresa Ekosolar, consumiu investimentos da ordem de R$ 70 mil. O produtor tinha a opção de financiar o sistema em até cinco anos, como muitos agricultores vêm fazendo, já que a maioria dos bancos hoje oferece essa possibilidade, mas não quis. Preferiu usar recursos próprios.

“Depois que mudamos para a energia solar, passamos a pagar a tarifa mínima das contas, que é de aproximadamente R$ 130. As placas que a gente adquiriu suprem a necessidade da propriedade e ainda sobra um resíduo, que fica acumulado”, explica Cordeiro.

Se o negócio de Thiago ainda não dá uma dimensão do tamanho da economia que a energia solar proporciona, basta imaginar grandes produtores que têm estufas para produzir, por exemplo, hortaliças hidropônicas (sem utilização de terra) em estufas, que exigem o motor ligado o dia inteiro para fornecer adubo e água às plantas. Ou, ainda, os que possuem câmaras frias para armazenar frutas mais sensíveis ao tempo, como morango. São custos muito altos que podem sofrer redução considerável com o uso de energia solar.

Felipe Lemos Felipe Lemos, da Ekosolar, exemplifica a utilidade do kit solar off grid            Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Propriedades rurais menores, que ficam em áreas onde não há rede elétrica ou ainda sejam muito distantes, dificultando estender o cabeamento de energia para se conectar à rede elétrica não estão isentas do acesso à energia solar. A alternativa são os chamados kits solar off grid, que têm preços acessíveis. “Imagine, por exemplo, um produtor de camarões que tem um viveiro no meio do nada, onde a rede elétrica não chega. Esse tipo de sistema é a saída para esse produtor”, ilustra o diretor comercial da Ekosolar, empresa especializada em sistema fotovoltaico, Felipe Lemos.

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