economia

"Engrossar o coro para a redução dos juros é fundamental", diz presidente da Anfavea

Márcio de Lima Leite citou críticas que presidente Lula tem feito aos juros altos e afirmou que setor também pede melhores condições de vendas

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na apresentação do Relatório Trimestral de InflaçãoPresidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na apresentação do Relatório Trimestral de Inflação - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite disse nesta terça-feira que engrossar o coro para a redução da taxa de juros é fundamental para a volta do crescimento do setor.

Leite afirmou que acha importante que esse debate esteja sobre a mesa, embora prefira não comentar a forma e as circunstância como isso esteja acontecendo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu uma verdadeira cruzada contra o Banco Central e a manutenção da taxa Selic (os juros básicos da economia) em 13,75%, o maior patamar em sete anos.

A fala de Leite acontece um dia depois de Lula ter dito os empresários precisam aprender a reclamar do Banco Central e que sem manifestação deles os juros não baixam.

Se nós queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros não vamos fazer. Não há dúvida em relação a isso. E não estamos elucubrando: com essa taxa de juros no mercado não cresce. Engrossar o coro para redução dos juros é fundamental ao nosso crescimento, afirmou Leite durante a apresentação dos números de vendas e produção de veículos em janeiro passado.

A Anfavea está inaugurando sua sede em Brasília, onde deverá apresentar estudos do setor ao governo e receber autoridades.

Desde o ano passado, a entidade já vinha sinalizando que as vendas tinham começado a ser afetadas pela alta taxa de juros.

O presidente da Anfavea lembrou que o Brasil tem histórico de juros altos, fato também observado por Lula em suas críticas, mas disse que a questão dos juros elevados neste momento não se trata apenas de Brasil e sim de um problema de inflação mundial. Por isso, não é algo simples de resolver. Mesmo assim, o presidente da Anfavea avaliou que talvez haja espaço para alguma adequação.

Tanto é verdade que bancos e economistas não trabalham com essa taxa de juros para o futuro. Para 2023, é prevista uma redução da Selic. Desejamos que isso ocorra no menor tempo possível. Temos sinais de queda na demanda com taxa de juros que hoje para o consumidor final é de 30% ao ano, impensável para retomar o nosso mercado, que tem 1,2 milhão de empregos. Não dá para desvincular as duas coisas, afirmou.

Leite disse que com a atual taxa de juros o consumidor tem saído do mercado automotivo.

O setor automotivo tem falado que precisa ter condições de vendas e com a taxa de juros hoje, o consumidor tem saído do mercado. Temos que trazer de volta esse consumidor. - disse Leite durante apresentação dos números de vendas e produção de veículos no país, lembrando que a entidade está inaugurando sua sede em Brasília.

Márcio de Lima Leite lembrou ainda do compromisso do novo governo com a reindustrialização, tema que também é bastante discutido no setor automotivo. Ele lembrou a posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ontem, observando que ficou claro no discurso de que o banco será utilizado como instrumento de alavancagem da indústria, trazendo desenvolvimento social e econômico.

Soa como música aos nossos ouvidos. Janeiro foi marcado pela harmonia com os temas que o setor tem defendido, afirmou o presidente da Anfavea.

Leite afirmou que as conversas deste início de governo têm sido positivas, com alinhamento entre o Legislativo e o Executivo, o que é importante. Ainda há problemas com produção de semicondutores, mas não como no ano passado.

De forma geral, temos um ambiente positivo, disse.

Ele lembrou também de declarações da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, falando sobre a produção de semicondutores no Brasil com investimento público. A falta deste componente prejudicou a produção de veículos no país durante a pandemia, quando houve quebra da cadeia de produção desses itens.

Não estamos discutindo de onde sairão os recursos, se públicos ou privados. Mas esse tema estar na mesa é fundamental. Ter a produção desse componente no Brasil seria extraordinário, observou o presidente da Anfavea.

Ele disse que o país precisa ter mais competitividade e que a Reforma Tributária é prioridade para o governo. Leite afirmou que a entidade está levando argumentos técnicos, dados da indústria e da cadeia de suprimentos para trabalhar junto ao governo.

Em janeiro, as vendas de veículos cresceram 12,9% em relação a janeiro do ano passado. Mas, esclareceu, isso não se deve a uma recuperação da demanda e sim a uma base de comparação muito baixa em janeiro de 2022, período afetado pela falta de insumos. Foram vendidas 143 mil unidades em janeiro passado frente aos 127 mil em janeiro de 2022.

Já a produção cresceu 5% no mês passado, na comparação anual, subindo de 145 mil unidades em janeiro de 2022 para 153 mil unidades.

Tivemos férias coletivas em dezembro, início de janeiro, o que explica esse crescimento da produção. Já o crescimento das vendas foi importante, mas não o desejado. Gostaríamos que fosse maior, afirmou Leite.

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