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PARCERIA

Entenda os principais pontos do acordo histórico entre Mercosul e União Europeia

Áreas como agricultura, meio ambiente e compras governamentais travaram as negociações nos últimos meses

Ursula von der Leyen com presidentse de partes dos países do MercosulUrsula von der Leyen com presidentse de partes dos países do Mercosul - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O acordo histórico entre Mercosul e União Europeia, anunciado nesta sexta-feira durante a cúpula de líderes no Uruguai, prevê pontos chave que travaram as negociações ao longo dos últimos meses. Entre eles, estão as regras envolvendo as compras governamentais e questões ambientais, áreas com vitórias da diplomacia brasileira. Entenda a seguir os principais pontos do acordo.

Compras governamentais
A diplomacia brasileira conseguiu manter no acordo entre Mercosul e União Europeia o uso das compras do Estado como ferramenta para impulsionar a indústria brasileira. Em termos gerais, o objetivo é dificultar compras externas para que o governo compre de empresas nacionais. Entre as medidas anunciadas nesta sexta-feira está a exclusão das compras do Sistema Único de Saúde do acordo.

Com isso, o governo brasileiro está vetado de comprar itens destinados ao SUS de outros países. A exclusão foi posta como "complexa". O governo reconhece as compras governamentais com um "instrumento para o desenvolvimento econômico e industrial" e por isso pediu a revisão deste trecho do acordo para garantir a manutenção desse instrumento como impulsionador econômico e industrial. Esta foi uma das cláusulas que travou o avanço das negociações ao longo do ano, mas terminou com uma vitória da diplomacia brasileira.

Ainda sobre compras governamentais, o texto prevê a preservação da possibilidade de encomendas tecnológicas, considerada uma política de fomento à inovação; a eliminação de restrições temporais ao uso de offsets tecnológicos e comerciais; a manutenção de espaço para políticas de incentivo a micro e pequenas empresas e agricultura familiar; e a preservação de margens de preferências para produtos e serviços nacionais.

Do lado da União Europeia, o bloco destaca que o termo do acordo "tornará mais fácil para empresas europeias concorrerem a contratos governamentais em países do Mercosul em igualdade de condições com empresas locais", fazendo com que os processos de licitação sejam mais simples e menos "discriminatórios" com as empresas estrangeiras.

Meio Ambiente
Outro ponto de impasse foi a cláusula sobre as exigências ambientais impostas pela União Europeia. O acordo final prevê um reforço do compromisso ambiental e econômico, mas rechaça "barreiras desnecessárias ao comércio". Os dois blocos acordaram uma série de compromissos de proteção ao meio ambiente e de promoção do trabalho decente. O Brasil tinha preocupação com a questão ambiental por temer que a nova lei antidesmatamento da Europa fosse usada para dificultar a entrada de produtos brasileiros na União Europeia. Esse trecho do acordo seria um mecanismo de proteção em caso de medidas unilaterais vistas como protecionistas.

A União Europeia destaca que os dois blocos concordara em apoiar os padrões climáticos e ambientais existentes, proibindo o incentivo indevido do comércio e investimentos violando leis ambientais. O acordo também tem compromissos sobre pesca sustentável e manejo florestal sustentável, além da implementação o acordo de Paris.

Automóveis
O acordo removerá impostos de importação sobre mais de 91% dos produtos da União Europeia exportados para o Mercosul. No caso das peças de automóveis, a taxa do Mercosul sobre os itens é de 14% a 18%.

O governo brasileiro, por sua vez, destacou que as condições flexíveis sobre as questões tarifárias valem para veículos eletrificados e para veículos de novas tecnologias, mesmo as ainda não disponíveis comercialmente.

Para veículos eletrificados, a desgravação passará a se dar em 18 anos. Para veículos a hidrogênio o período será de 25 anos, com 6 anos de carência. Para novas tecnologias, 30 anos, com 6 anos de carência.

Houve, ainda , a criação de uma salvaguarda de investimentos para o setor automotivo para preservar e ampliar investimentos automotivos.

Isso significa que caso haja um aumento de importações europeias que causem dano à indústria, o Brasil pode suspender o cronograma de desgravação de todo o setor ou retomar a alíquota aplicável às demais origens (hoje, de 35%) por um período de 3 anos, renovável por mais 2 anos, sem necessidade de oferecer compensação à União Europeia.

Agronegócio
Neste tópico, a União Europeia afirma que as comunidades agrícolas do seu bloco terão acesso mais fácil ao mercado do Mercosul, assim como a oportunidade de venda dos seus produtos para os consumidores do outro grupo.

O Mercosul tem grande potencial de consumo de produtos como vinho, queijos e chocolates. O acordo removerá as tarifas e outras barreiras comerciais.

Este foi um dos pontos mais críticos do acordo em razão dos entraves impostos pelo governo da França. O presidente Emmanuel Macron sofreu forte pressão de agricultores em razão de um possível concorrência com os produtos agrícolas do Brasil e da Argentina, principalmente.

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