Escolha para comando da Vale é bem recebida no governo após pressão de Lula
Gustavo Pimenta foi eleito para o cargo após processo tumultuado em que o presidente da República tentou emplacar ex-ministro Guido Mantega
Embora o nome de Gustavo Pimenta não estivesse no plano A do presidente Lula para comandar a Vale, a escolha do executivo foi bem recebida por auxiliares do presidente.
O Palácio do Planalto já havia sido informado na semana passada do favoritismo do vice-presidente de finanças da companhia para o cargo, segundo integrantes do governo.
A escolha do substituto de Eduardo Bartolomeo foi comunicada às autoridades governamentais logo após a decisão do Conselho de Administração nesta segunda-feira e teve repercussão positiva.
A avaliação é que o novo presidente da Vale reúne requisitos para distensionar o clima entre a empresa e o Executivo. Atualmente
Pessoas que acompanharam de perto a indicação dizem que Pimenta é uma pessoa habilidosa, tem interlocução com autoridades da União e dos estados onde a empresa atua (como MInas Gerais), trabalhadores e fornecedores.
O nome de Gustavo Pimenta chegou a circular em Brasília nas últimas semanas e, portanto, a escolha dele já era uma possibilidade para o governo.
Ele fez parte de uma ampla lista de candidatos identificados no mercado pela headhunter contratada pela companhia no processo de sucessão.
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Ao final, ficaram apenas três nomes na lista, que foram submetidos nesta segunda-feira ao Conselho de Administração da companhia.
Os candidatos tiveram oportunidade de se apresentar aos conselheiros e por isso, a reunião foi demorada. Gustavo Pimenta foi aprovado por unanimidade. Ele está na empresa há três anos.
Pimenta concorria com outros dois executivos da mineração: Ruben Fernandes (Anglo American) e Marcelo Bastos (ex-BHP e ex-Vale).
Segundo executivos da companhia, a definição do novo presidente da Vale estava prevista para o final do ano, mas foi antecipada em reunião extraordinária do conselho porque o nome de Gustavo Pimenta já estava amadurecido.
A direção da empresa também via necessidade de acabar com especulações e ruídos no mercado em relação à troca de comando da companhia. Outra preocupação foi fazer um processo de transição suave.
Apesar disso, ainda não há data da posse do CEO. O conselho ainda vai definir, se dentro de 60 dias, 90 dias ou mais. Vai depender de quando ele tiver segurança.
Está certo que toma posse até o final do ano. Até lá, o atual Eduardo Bartolomeo, continua na presidência.
Apesar das críticas do presidente Lula à gestão da Vale, um dia após à eleição do executivo Gustavo Pimenta, interlocutores do Planalto e conselheiros da empresa afirmam que a escolha é definitiva.
Segundo uma fonte a par do assunto, Lula teria sido informado previamente pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e maior acionista individual da Vale, que o voto iria para Pimenta.
Inicialmente, Lula tentou interferir no processo de sucessão da Vale, lançando o nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o comando da empresa, mas diante da repercussão negativa do mercado, o nome não vingou.
Outros nomes próximos ao PT, como Rogério Caffarelli, ex-presidente do BB, chegaram a ser cogitados, mas também foram à diante, diante da postura da própria empresa, com respaldo dos acionistas em abrir um processo de escolha com vários executivos no páreo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a criticar a demora na indicação do novo presidente da Vale, o que estaria prejudicando o diálogo entre o Executivo e a empresa.
Técnicos do governo afirmam que há um descontentamento com a gestão anterior, diante de vários projetos que interessam ao Executivo e que estão travados.
O principal é a dificuldade em concluir o acordo entre Vale, BHP e Samarco com as autoridades para reparação e indenização às famílias pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015.
Outra crítica é que a Vale deveria se dedicar mais à atividade de exploração e tratar de forma adequado os direitos minerários, licenças concedidas pelo governo, através da Agência Nacional de Mineração (ANM), a empresas para explorar, prospectar e produzir minérios.
A Vale, segundo técnicos do governo, prefere negociar esses direitos a exercê-los de fato.