Logo Folha de Pernambuco

Reforma tributária

Especialistas comentam aprovação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária

O texto aprovado foi visto como um avanço entre os profissionais, porém com pontos que poderiam ser melhorados

Especialistas comentam aprovação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributáriaEspecialistas comentam aprovação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Com a proposta de ser um sistema tributário mais simples e compreensível para a população, a reforma tributária deu um passo importante na última terça-feira (17) com um dos seus projetos de regulamentação aprovado na Câmara dos Deputados. O texto aprovado foi visto como um avanço entre os especialistas, porém com pontos que poderiam ser melhorados. 

A partir do novo sistema, o País passará a ter um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) Dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituirá PIS/Cofins e IPI e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que reunirá o ICMS e ISS. O CBS é um imposto federal e o IBS de estados e municípios. 

Segundo o economista Sandro Prado, com a reforma, a população saberá exatamente o que está sendo tributado em cada produto.

“Agora vai ser uma alíquota unificada que deve ficar em um teto de 26,5%. Embora muitas pessoas critiquem colocando como um dos maiores IVAs do mundo, nós vamos ter uma redução real, porque hoje brasileiro paga mais de 30% de imposto só que a gente não percebe, porque é por dentro”, explicou. 

Economista Sandro Prado. Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Apesar da aprovação da primeira parte da regulamentação, as mudanças da reforma não serão percebidas agora. O novo sistema tributário segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras partes do projeto ainda serão votadas.

A expectativa é de que a reforma comece a ser executada gradativamente a partir de 2026 até 2033, quando os impostos atuais serão extintos. 

Simplificação 
Segundo o procurador-geral do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO), Ricardo Alexandre, a principal vantagem da reforma é a simplificação

“É muito ruim uma empresa do exterior que quer vir para o Brasil, investir aqui, descobrir que vai ter que se submeter a 27 legislações diferentes dos estados. Com a reforma, isso deixa de existir. Então o sistema tributário passa a ser um sistema mais simples, e isso tende a gerar um crescimento maior no PIB, destravando negócios no Brasil”, disse Ricardo. 

Procurador-geral do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO), Ricardo Alexandre. Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Como essas tributações estaduais só deixarão de existir em 2033, o sistema ficará mais complexo no período de transição

“De 2026 a 2033 a coisa vai piorar porque nesse período nós vamos ter a convivência do sistema atual com um sistema novo. O sujeito vai pagar, por exemplo, o IBS e o CBS e o Imposto Seletivo, que são três tributos novos, e ao mesmo tempo continua pagando os tributos antigos que no final da reforma deixarão de existir, o ICMS, o ISS, PIS, COFINS, e IPI”, destacou o procurador-geral. 

Mudanças 
Para a reforma ser aprovada, o relator do sistema tributário na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG) rejeitou uma série de mudanças feitas no Senado. Entre os exemplos, ele retirou o saneamento entre os serviços com 60% de redução de impostos e colocou de volta as bebidas açucaradas (como refrigerantes) para o Imposto Seletivo, conhecido como ‘imposto do pecado’.

“Foi colocado pelo Senado que essas bebidas não teriam Imposto Seletivo, e a Câmara voltou a sobretaxar esses produtos. Cada item que entra e sai é zero vírgula alguma coisa a mais ou a menos. Como a própria Câmara tinha colocado um teto de 26,5%, o Senado acabou encarecendo a alíquota geral”, reiterou Sandro Prado.

Veja também

Banco Central eleva projeção de PIB de 2024 de 3,2% para 3,5%
BRASIL

Banco Central eleva projeção de PIB de 2024 de 3,2% para 3,5%

Governo trabalha com a possibilidade de votação do Orçamento de 2025 ficar para fevereiro
BRASIL

Governo trabalha com a possibilidade de votação do Orçamento de 2025 ficar para fevereiro

Newsletter