Etanol está na rota de descarbonização da Stellantis
Companhia coloca o Brasil como peça importante no processo de redução da emissão do CO2 com o uso do etanol
Dentro do plano global de descarbonização completa de sua indústria até 2038, sendo 50% em 2030, a companhia Stellanis, que detém marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, considera a América do Sul parte ativa desse seu planejamento, com um caminho a ser percorrido através do etanol. Para o grupo, o potencial do Brasil no processo de redução da emissão de CO2 é enorme, sobretudo com a utilização do etanol, que, combinado com a eletrificação, pode ser uma alternativa competitiva de transição. Esse é o plano da companhia para os próximos anos.
Quando considerado todo o processo de construção de um veículo, conhecido como “do poço à roda”, o etanol é altamente eficiente quanto às emissões. Isso porque a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetal absorve de 70% a 80% do CO2 liberado na produção e queima do etanol combustível.
“Hoje, a frota de veículos leves brasileira consome 30% de etanol e 70% de gasolina. Se esse consumo de etanol aumentasse, seria possível promover uma descarbonização na frota brasileira. Mais de 80% da frota de hoje é flex, por isso o potencial de redução de CO2 é grande no País”, analisou João Irineu, diretor de Compliance de Produto da Stellantis para a América do Sul.
Produção do etanol
Para se ter uma ideia do potencial do Brasil, em 2021 a produção de etanol a nível mundial foi de 105 bilhões de litros. Do total, o Brasil foi o segundo país de maior produção, com 30,02 bilhões de litros, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 56,78 bilhões de litros. A União Europeia foi a terceira de maior produção, com 4,92 bilhões de litros, e a China em seguida, com 3,10 bilhões de litros de etanol. Os dados são da Datagro e comentados pelo presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha.
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Na rota projetada, a Stellantis combinará o etanol com a eletrificação em motores híbridos em uma alternativa inteligente para o país como transição para uma mobilidade sustentável de baixo carbono. “Na Europa, o governo de alguns países paga para subsidiar carros elétricos. Mas no Brasil o processo deve ser diferente, sendo gradual e equilibrado, ambiental, social e economicamente”, disse Irineu.
“Avalio que a rota da Stellantis está correta porque a companhia está procurando investir no Brasil e preservar seus ativos através de um modelo exitoso de flex ou híbrido. A tendência no mundo moderno é hibridização das fontes e o Brasil é um país tropical com oferta de etanol”, analisou Renato Cunha.
Novas tecnologias
Para acompanhar as novas metas de sustentabilidade em sua frota, a Stellantis está desenvolvendo o programa e-Mobility na América do Sul. O programa veio para ser o elo entre o produto e os serviços que são oferecidos nos carros elétricos.
Por isso, a Stellantis já fechou parcerias com a WEG e EnelX para o fornecimento de soluções B2C e B2B de carregadores, e com a Estapar, que é o maior player de estacionamentos privados da América Latina, para compor o projeto Ecovagas, que conta com mais de 200 pontos de recarga disponíveis, com expansão prevista para chegar até mil pontos até 2023, distribuídos em todo o Brasil.
Isto permite aos clientes Stellantis de produtos eletrificados dispor de vagas preferenciais e adequadas para carregamentos de seus veículos, sem custo adicional ao do estacionamento.
Nova ferramenta otimiza produção
Na direção de se tornar uma empresa tecnológica de mobilidade sustentável e acessível, a Stellantis desenvolveu uma ferramenta, junto à startup Phygitall, para conseguir acompanhar os movimentos dos operadores na linha de produção dos veículos nas suas fábricas. Através de um relógio de pulso colocado no braço do operador, é possível captar e transmitir todos os movimentos da pessoa e de elementos estratégicos com os quais ela interage, usando telemetria e IoT.
As conclusões das observações têm permitido detectar e corrigir desvios que podem produzir fadiga ou condições inseguras e, ao mesmo tempo, permite otimizar a execução de operações. Ou seja, saber, por exemplo, quanto tempo o operador está ‘levando’ para montar determinado momento do veículo, e assim poder otimizar a produção e fazer necessárias adequações de postos de trabalho.
A ferramenta já está sendo utilizada na fábrica da Fiat, em Betim, Minas Gerais, mas deve ser implantada na fábrica da Jeep, em Goiana, Pernambuco, no início do próximo ano.