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Tecnologia

EUA vão abrir investigações antitruste sobre IA contra Nvidia, Microsoft e OpenAI

Departamento de Justiça vai focar na fabricante de chips, e Comissão Federal de Comércio vai analisar conduta da gigante do software, que investiu bilhões na criadora do ChatGPT

Inteligência Artificial Inteligência Artificial  - Foto: Pixabay

Os Estados Unidos vão abrir investigações antitruste sobre os papéis dominantes que Microsoft, OpenAI e Nvidia desempenham na área da inteligência artificial (IA). Isso foi possível após o Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio (FTC, pela sigla em inglês) americanos terem chegado a um acordo para dividir a responsabilidade nas investigações.

De acordo com os termos do acordo, o Departamento de Justiça assumirá a liderança na investigação de se a Nvidia, a maior fabricante de chips de IA, violou as leis antitruste, disseram fontes a par do assunto.

A FTC, por sua vez, vai comandar o exame da conduta da OpenAI e da Microsoft, que investiu US$ 13 bilhões na startup criadora do ChatGPT e fez acordos com outras empresas de IA, afirmaram.

O acordo sinaliza a intensificação do exame minucioso do Departamento de Justiça e da FTC sobre a inteligência artificial, tecnologia que avança rapidamente e que tem o potencial de mudar empregos, informações e a vida das pessoas.

Os dois órgãos têm estado à frente dos esforços do governo Joe Biden para pôr um freio no poder das big techs.

Após um acordo semelhante em 2019, o governo americano investigou Google, Apple, Amazon e Meta e, depois, processou cada uma delas por violação de leis antimonopólio.

Durante meses, Nvidia, Microsoft e OpenAI escaparam, em grande parte, do escrutínio regulatório do governo Biden.

Mas isso começou a mudar quando a IA generativa, que pode produzir texto, fotos, vídeos e áudio semelhantes aos humanos, entrou em cena no fim de 2022, provocando um frenesi no setor.

Recentemente, os órgãos reguladores sinalizaram que querem se antecipar aos desenvolvimentos em IA. Em julho de 2023, a FTC abriu uma investigação para saber se a OpenAI havia prejudicado os consumidores por meio da coleta de dados.

Em janeiro deste ano, a FTC também iniciou uma ampla investigação sobre parcerias estratégicas entre gigantes da tecnologia e startups de IA , incluindo o investimento da Microsoft na OpenAI e os investimentos de Google e Amazon na Anthropic.

Ainda assim, os Estados Unidos estão atrás da Europa na regulamentação da inteligência artificial. As autoridades da União Europeia concordaram, no ano passado, com regras rígidas para governar a tecnologia, com foco em seus usos mais sensíveis.

Em Washington, no mês passado, um grupo de senadores divulgou recomendações legislativas para a IA, exigindo US$ 32 bilhões em gastos anuais para impulsionar a liderança americana na tecnologia, mas evitando pedir novas regulamentações específicas.

As discussões entre a FTC e o Departamento de Justiça sobre as empresas de IA entraram em seus estágios finais na última semana e envolveram os níveis sênior de ambas as agências, disse um funcionário da FTC com conhecimento das discussões.

Em fevereiro, Lina Khan, presidente da FTC, disse em uma entrevista que, quando se tratava de IA, a agência estava tentando identificar “possíveis problemas no início, em vez de anos e anos e anos depois, quando os problemas estão profundamente incorporados e muito mais difíceis de corrigir.”

Os porta-vozes da FTC e do Departamento de Justiça não quiseram comentar. Nvidia, Microsoft e OpenAI não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

Destaques no boom da IA
As três empresas têm se destacado como algumas das maiores vencedoras do boom da IA, o que levantou questões sobre seu domínio.

A Nvidia é a principal fornecedora de unidades de processamento gráfico, ou GPUs, que são componentes adaptados para tarefas de IA, como aprendizado de máquina.

Depois que a IA decolou, as empresas de tecnologia correram para colocar as mãos nas GPUs da Nvidia, dobrando e triplicando suas vendas.

O preço das ações da Nvidia subiu mais de 200% nos últimos 12 meses, e a capitalização de mercado da empresa ultrapassou US$ 3 trilhões pela primeira vez na quarta-feira, superando a Apple.

Os participantes do setor estão cada vez mais preocupados com o domínio da Nvidia, disseram duas pessoas com conhecimento das preocupações, incluindo a forma como o software da empresa prende os clientes ao uso de seus chips e a maneira como ela distribui esses chips aos clientes.

A Microsoft, a empresa mais valiosa do mundo, também se tornou uma das principais fornecedoras de inteligência artificial. Ela detém 49% da OpenAI, que se tornou conhecida do público com o lançamento do ChatGPT, em 2022.

A capacidade do chatbot de responder a perguntas, gerar imagens e criar códigos de computador cativou as pessoas e rapidamente transformou a startup em uma das empresas mais proeminentes do setor de tecnologia.

A Microsoft incorporou a tecnologia da OpenAI a seus próprios produtos. A IA agora gera respostas para os usuários de seu mecanismo de busca, o Bing, e pode ajudar a criar apresentações e documentos no PowerPoint e no Word.

Os acordos de IA da Microsoft atraíram o escrutínio por dar à gigante global influência sobre uma tecnologia emergente, enquanto alguns no setor levantaram questões sobre se os acordos são estruturados de forma a permitir que a Microsoft evite a revisão direta pelos reguladores.

O New York Times processou a OpenAI e a Microsoft, alegando violação de direitos autorais de conteúdo de notícias relacionado a sistemas de IA. A Microsoft estruturou sua participação minoritária na OpenAI em parte para evitar o escrutínio antitruste, informou o Times.

A Microsoft também fechou um acordo em março para contratar a maior parte da equipe da startup Inflection AI e licenciar sua tecnologia. Como o acordo não foi uma aquisição padrão, pode ser mais difícil de ser analisado pelos órgãos reguladores.

Na semana passada, a divisão antitruste do Departamento de Justiça organizou uma conferência sobre IA na Universidade de Stanford. Em seu discurso de abertura, Jonathan Kanter, o principal funcionário antitruste da agência, apontou para “estruturas e tendências em IA que devem nos fazer parar”.

— A IA depende de grandes quantidades de dados e poder de computação, o que pode dar às empresas já dominantes uma vantagem substancial — afirmou Kanter.

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