Exxon está em negociações para comprar a Pioneer Natural, no que pode ser o maior negócio de 2023
Acordo pode ser concluído nos próximos dias e chegar a um valor de US$ 60 bilhões. Petrolífera quer se destacar na produção de óleo de xisto em nova fronteira exploratória
A Exxon Mobil está em negociações para adquirir a empresa independente de petróleo Pioneer Natural Resources, que atua na produção de xisto, um negócio que pode ser sua maior aquisição em mais de duas décadas. Com a operação, a gigante de energia quer se tornar líder na produção de óleo de xisto nos Estados Unidos.
O valor do negócio pode chegar a US$ 60 bilhões, e o acordo pode ser concluído nos próximos dias, segundo o Wall Street Journal, primeiro a noticiar as conversas entre as duas empresas. Com essa cifra, seria potencialmente a maior aquisição realizada este ano no mundo.
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A transação também seria um marco na história da Exxon, a maior aquisição desde a fusão com a Mobil, em 1999, a partir de quando a companhia passou a se chamar ExxonMobil. E marcaria o retorno da empresa ao topo do setor. Na última década, os produtores de óleo de xisto se destacaram, rivalizando com players tradicionais.
Embora avançada, segundo fontes, a transação ainda pode ser desfeita. Procuradas pela Bloomberg, Exxon e Pioneer disseram que não comentam "rumores de mercado".
Um acordo com a Pioneer uniria dois dos maiores detentores de áreas na Bacia Permiana, no Texas e no Novo México, tornando a Exxon, de longe, a maior produtora de petróleo da região, com uma produção de cerca de 1,2 milhão de barris por dia - mais do que muitas nações da Opep, que reúne os países exportadores de petróleo.
Reservas de xisto
A Bacia Permiana tem grandes reservas de xisto, o que levou muitas empresas a investir na área. Esse hidrocarboneto também é usado para produzir combustíveis, assim como o petróleo.
Com a aquisição da Pioneer, a Exxon estenderia seu estoque de locais de perfuração de alto nível na bacia por décadas, fornecendo óleo de baixo custo e baixo risco muito além de 2050 para alimentar sua gigantesca rede de refinarias.
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"A lógica da consolidação no xisto altamente fragmentado da Bacia Permiana continua convincente, com ganhos significativos a serem obtidos com economias de escala", disseram analistas do Citigroup em nota.
"Essa combinação específica criaria o maior player da bacia e, mesmo com um prêmio de negociação modesto, estimamos que pode gerar um retorno positivo sobre o investimento."
Futuro da Pioneer
As atenções têm se voltado para o futuro da Pioneer desde que seu fundador e CEO, Scott Sheffield, disse em abril que planejava se aposentar no fim do ano. Sheffield trabalha na Bacia Permiana desde a década de 1970 e é considerado o arquiteto do ''boom'' do xisto que transformou os EUA em uma potência petrolífera.
Os mais de 20 anos de Sheffield à frente da Pioneer são um dos mais longos mandatos de CEO no setor petrolífero dos EUA. Ele começou a trabalhar na Bacia Permiana há mais de 40 anos, mesmo durante as décadas sombrias, quando as grandes empresas, incluindo a Exxon, a abandonaram para procurar petróleo no exterior.
Quando as inovações de perfuração e fracking - técnica projetada para recuperar gás e óleo de rochas de xisto - desenvolvidas em campos de gás natural foram adaptadas aos depósitos de petróleo, por volta de 2010, a Pioneer estava bem posicionada para se tornar uma das produtoras de crescimento mais rápido.
A Exxon tem procurado fazer aquisições na Bacia Permiana há anos, mas tem tido dificuldades para isso. As finanças da empresa foram afetadas durante a pandemia, com a queda dos preços do petróleo e o aumento dos gastos de capital em grandes projetos globais, forçando a companhia a tomar emprestado bilhões de dólares para pagar dividendos aos acionistas.
Depois de reduzir os gastos, cortar custos e colher os benefícios dos investimentos da era da pandemia, os lucros da Exxon aumentaram para um recorde de US$ 59 bilhões em 2022, quando os preços da energia aumentaram após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Suas ações subiram mais de 80% no ano passado, fornecendo o poder de fogo financeiro para um acordo com a Pioneer.
Em julho, o CEO da Exxon, Darren Woods, disse aos investidores que a empresa continuava a analisar possíveis fusões e aquisições, mas permaneceria "exigente" e concentrada na criação de valor.