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crimes financeiros

"Faraó dos Bitcoins" contratou pistoleiro da contravenção para eliminar concorrentes

Operação Novo Egito é um desdobramento da ação que prendeu Glaidson Acácio, em agosto do ano passado; delegada é alvo de mandado de busca e apreensão

Empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria, preso sob suspeita de liderar um esquema de Empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria, preso sob suspeita de liderar um esquema de  - Foto: Reprodução

O ex-garçom e empresário Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins", contratou um pistoleiro ligado à contravenção para eliminar um concorrente. Investigação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ) concluiu que o ex-PM Wagner Dantas Alegre chegou a receber R$ 450 mil, pelas mãos de um intermediário, mas não chegou a executar a empreitada.

A pedido do Gaeco, a 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mais uma vez, ordenou a prisão preventiva de Glaidson, que já está no Complexo de Bangu desde agosto do ano passado, de Wagner Dantas Alegre, que se encontra foragido, e de outros 10 envolvidos. Eles são acusados de homicídios, extorsões e ameaças, além de corrupção, para eliminar a concorrência e garantir o monopólio na exploração de pirâmides financeiras em Cabo Frio e cidades vizinhas da Região dos Lagos.

A delegada da Polícia Civil Daniela dos Santos Rebelo Pinto e três policiais civis foram incluídos na lista de denunciados. A eles, o MP-RJ imputa o crime de corrupção passiva, por conta de uma diligência policial feita pelos quatro contra uma empresa concorrente da GAS Consultoria e Tecnologia, do Gladson. A policial é suspeita de receber propina de Glaidson quando ainda atuava na Delegacia de Defraudações. Foram expedidos 12 mandados de prisão e cinco de busca e apreensão, a serem cumpridos na Região dos Lagos e na Região Metropolitana do Rio, além de bairros da Zona Oeste da capital fluminense, como Jacarepaguá e Barra da Tijuca.

Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou.

De acordo com a denúncia, o "Faraó dos Bitcoins" usava uma empresa de pesca, a Central Pescados, para repassar o dinheiro aos pistoleiros. Um dos intermediários das negociações é o contraventor Carlos Alberto Nassar Júnior, o Barba, que também se encontra foragido após ser alvo de um pedido de prisão, na semana passada, em outra operação do Gaeco, a Fim de Linha. Ele teria adiantado o pagamento de R$ 450 para Alegre, mas como o crime foi sustado, não conseguiu receber o reembolso de Glaidson e passou a ameaçar o "Faraó" por causa do prejuízo.

Por sorte da vítima, cujo nome não foi identificado pelos investigadores, Glaidson foi preso no dia seguinte (25 de agosto de 2021) ao pagamento do valor combinado e a execução foi suspensa. Alvo central da Operação Krytpos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), o "Faraó" foi acusado na época de montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoins. Atraídos pela promessa de lucro mensal de 10% sobre os valores aportados, cerca de 278 mil pessoas investiram um total de R$ 10 bilhões no esquema, segundo dados do cadastro de clientes lesados.

Para assegurar o fluxo de novos investidores, para manter a pirâmide ativa, Glaidson contratou pistoleiros para eliminar os concorrentes e evitar a dispersão de recursos. Ele foi acusado de ser o mandante do assassinato de Wesley Pessado, no dia 4 de agosto do ano passado, em São Pedro d’Aldeia, e de também de estar por trás da tentativa de homício contra Nilson Alves da Silva, no dia 20 de março de 2021, em Cabo Frio.

Braço armado garantia monopólio
A quadrilha de Glaidson, apurou o Gaeco, mantinha um braço armado para garantir o monopólio da GAS no golpe dos bitcoins na Região dos Lagos. A investigação mostrou que uma parcela dos recursos amealhados pelo Faraó e seus comparsas era utilizado para o pagamento periódico de pistoleiros profissionais.

Alegre, o pistoleiro recrutado por Glaidson, também foi denunciado como o autor dos disparos de fuzil que mataram o contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020. A vítima foi metralhada quando chegava no condomínio da namorada, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, após acompanhar o desfile do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí.

Irmão do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, Bid era apontado pela polícia como um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Ele assumiu o posto após Maninho ter sido assassinado em setembro de 2004.

O ex-PM Alegre, de acordo com as investigações, passou a trabalhar como principal segurança e “braço direito para os trabalhos sujos” do bicheiro e ex-presidente da Vila Isabel Bernardo Bello, apontado como herdeiro do espólio criminoso do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, irmão de Bid e responsável por controlar o jogo ilegal na Zona Sul e na Tijuca, na Zona Norte.

O pistoleiro também chegou a responder por envolvimento com narcotraficantes cariocas. Como policial militar, ele já foi cedido, na condição de adido, para trabalhar na Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae. Nesta condição, Alegre teria se aproximado da milícia, já que, entre os informantes da delegacia havia vários paramilitares. Uma relação que logo se tornou mais estreita à medida que o ex-cabo ganhou a confiança do grupo que atuava na especializada.

Pirâmide financeira
Glaidson Acácio dos Santos foi preso na Operação Kriptos, desencadeada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Glaidson foi acusado de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira, por meio de sua empresa G.A.S. Consultoria e Tecnologia Ltda. O empresário foi acusado de lesar milhares de investidores no mercado de criptomoedas.

Glaidson e outros 16 pessoas são réus por crime contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e gestão temerária ou fraudulenta. A ação resultou na prisão do ex-garçom, conhecido em Cabo Frio como "Faraó dos Bitcoins".

Em junho, ele teve sua prisão revogada pelo Superior Tribunal de Justiça pelo crime contra instituição financeira e associação criminosa, mas continua detido por outros cinco processos aos quais responde. São eles: estelionato, lavagem de dinheiro, um por homicídio e outros dois por tentativa de homicídio. O empresário está na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó.

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