Farra nas alturas? Hotel oferece jatinho para festas com direito a cama de casal
Festinha para até 12 passageiros sai por até R$ 70.500 por hora de voo
Se os hotéis de Dubai estão constantemente tentando superar uns aos outros, alcançando alturas estratosféricas e com suas acomodações exageradas, um hoteleiro quer vencer a batalha de uma vez por todas: ele literalmente levou sua marca para o céu.
Desde quinta-feira (1°), o Five Hotels & Resorts começou a aceitar reservas em seu próprio jato particular para 16 passageiros, prometendo que o entretenimento começará antes mesmo de a pessoa chegar a Dubai. E os voos não se limitam aos hóspedes do hotel. Qualquer pessoa pode reservar o avião para uma viagem de até 12 horas.
Não se trata de um jato executivo apertado como o visto na série 'Succession', da HBO. Este avião é feito para festas regadas à bebida e muita dança: suas luzes LED podem fazer toda a cabine brilhar em roxo ou na cor que o cliente quiser. Atrás de uma porta na parte de trás da cabine principal fica o quarto, com uma cama king-size.
As instruções impressas ao lado da cama lembram aos passageiros que sua ocupação máxima é de duas pessoas, e um “cinto antiturbulência” deve ser usado quando em uso. (Imagine um cinto de segurança longo que fica embaixo das cobertas no meio do colchão.)
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"Começamos a pensar em nós mesmos como uma empresa de entretenimento", diz Kabir Mulchandani, presidente e fundador da Five Global Holdings, que é o proprietário pessoal do avião.
Histórico de celebrações
O primeiro hotel do grupo, o Five Palm Jumeirah, já é conhecido localmente como um dos maiores hotéis de celebrações da cidade. Ele recebe regularmente DJs famosos para festas na praia, e os hóspedes podem dirigir seu supercarro direto para a boate do hotel - por uma taxa de 10.000 dirhams (R$ 13.708).
Um número seleto de hotéis possui suas próprias aeronaves, mas apenas para fins logísticos, não para festas: os operadores de safáris africanos de luxo têm frotas de pequenos aviões para chegar a destinos extremamente remotos, enquanto alguns nas Maldivas operam aviões para levar hóspedes a ilhas distantes.
O resort de luxo Aurora Anguilla possui um jato para oferecer passagem mais rápida aos hóspedes do sul da Flórida ou da cidade de Nova York, e também é usado para importar itens necessários para sua ilha homônima, onde as compras locais são limitadas. Enquanto isso, hotéis como Aman e Four Seasons oferecem viagens em jatos particulares, mas são excursões de algumas semanas por vez, e não simplesmente um meio de transporte, com logística organizada por operadores terceirizados.
As viagens no avião da Five custarão cerca de US$ 13 mil a US$ 14 mil (entre R$ 65.500 e R$ 70.500) por hora de voo, sem incluir vários custos de realocação, o que significaria cerca de US$ 195 mil (R$ 982 mil) para uma viagem de ida e volta entre Londres e Dubai. O valor de cerca de US$ 12 mil (cerca de R$ 60.500) por pessoa em um voo completo é aproximadamente equivalente a uma passagem de primeira classe na Emirates Airlines.
"Para o tipo de aeronave, considerando que tem uma pegada VIP dentro, eu diria que é um preço muito bom", disse Dominique Bousquet, gerente de equipe da empresa de fretamento de jatos particulares Welojets.
O custo o posiciona entre um Airbus com cabine maior – que é oferecido por US$ 15 mil a US$ 20 mil a hora (entre R$ 75.500 e R$ 100,6 mil) – e um jato Gulfstream ou Bombardier menor, oferecido por US$ 12 mil a US$ 14 mil por hora (entre R$ 60.500 e R$ 70.500), disse Christopher Marich, cofundador da MySky, uma empresa de software para empresas de aviação executiva.
O serviço de jato particular é a mais recente expansão além dos hotéis para a marca Five, formada em 2017. Este ano, a empresa abriu um estúdio de gravação em seu hotel Five Palm Jumeirah e iniciou uma gravadora em parceria com o Warner Music.
Mulchandani diz que o próximo passo será um iate de marca para grandes festas off-shore. Mais uma vez, uma vibe diferente dos cruzeiros já oferecidos por marcas de hotéis de luxo como Ritz-Carlton.
Ideia de comprar o avião durante a pandemia
A aeronave 9H-FIVE – o “H” é Hotel no alfabeto fonético usado pelos pilotos – será operada pela Comlux, com sede em Zurique. É o primeiro do novo modelo de aeronave ACJ TwoTwenty a ser entregue pela Airbus SAS e voou para Genebra na semana passada para ser exibido em uma conferência de jatos particulares, a Ebace.
O fundador da Five disse que teve a ideia de comprar o avião durante o período de bloqueios durante da pandemia de Covid-19, quando viu a demanda por jatos particulares crescer.
"Eu estava voando muito naquele tempo, conversando com pessoas em vários terminais", contou Mulchandani.
Uma vez que experimentassem a aviação privada, diz ele, não voltariam a viajar de outra maneira. E essa previsão está se mantendo: nos EUA, o número de voos em jatos particulares caiu 4,6% no primeiro trimestre, para 1,26 milhão de decolagens e pousos, mas as reservas ainda estão muito acima dos números pré-Covid.
Mulchandani admitiu que não esperava ganhar dinheiro no avião quando fez um acordo de boca para a compra em agosto de 2021 e assinou um contrato alguns meses depois.
Em primeiro lugar, diz ele, foi uma ferramenta de marketing para a marca. E ele e sua empresa podem usá-lo quando não for reservado por nenhum cliente. Mas, de certa forma, Mulchandani teve um bom timing: diz que manteve os preços dos combustíveis por cinco anos abaixo do preço atual de mercado. Porém, não revelou quanto pagou pelo jato, mas diz que o valor de mercado do avião é de US$ 80 milhões a US$ 85 milhões (de R$ 402,7 milhões a R$ 427,9 milhões).
O avião precisa voar cerca de 200 horas por ano para atingir o ponto de equilíbrio, diz Mulchandani. Isso é menos tempo no ar do que a maioria dos jatos particulares registra, diz Matteo Atti, diretor de marketing da VistaJet, uma empresa líder global em voos fretados. Os aviões da VistaJet costumam ser usados com 800 a 1 mil horas por ano.
Viagens de lazer e festas representam uma pequena porcentagem da demanda geral por jatos particulares, o que dá à Five um nicho, diz Atti:
"Esse tipo de categoria de aviões está tentando atender a um mercado que não era explicitamente visado antes . Se eles conseguirem fazer um nome para si mesmos como um avião específico de festa, tenho certeza de que conseguirão alguns voos".
Os planos de Mulchandani não param por aí e vão ainda mais altos. Eventualmente, ele quer levar as festas para o espaço sideral. "Afinal, quem faz viagens de lazer à Lua vai precisar de um lugar para ficar", afirma.