Logo Folha de Pernambuco

SETOR DE EVENTOS

Fazenda vê suspeitas de irregularidades no Perse e gera reação entre parlamentares

Indícios como superfaturamento e lavagem de dinheiro estão sendo investigados pela Receita

Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMinistro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Reprodução Roda Viva

O Ministério da Fazenda avalia que o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) teria aberto margem para lavagem de dinheiro, superfaturamento e atividades ilícitas, segundo interlocutores da pasta. Os indícios estão sendo investigados pela Receita Federal e são relatados pelo ministro Fernando Haddad a lideranças do Congresso Nacional e empresários.

As suspeitas com o ministro podem azedar ainda mais a relação com o presidente da Cãmara, Arthur Lira (PP-AL), que defende o programa. Uma medida provisória editada no ano passado prevê a revogação do programa e enfrenta resistências no Congresso.

Criado durante a pandemia para socorrer setores gravemente afetados pelo isolamento social, como o de bares, restaurantes e shows, o Perse acabou sendo prorrogado, em maio do ano passado, até 2026, por decisão do Congresso.

A medida provisória estabelece que o programa acabará assim que os recursos de R$ 20 bilhões previstos chegarem ao fim.

Numa reunião com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Haddad contou que as declarações já estariam indicando o custo de quase R$ 17 bilhões e que a projeção indicava um rombo de até R$ 100 bilhões se nada for corrigido.

Representantes desse setor, porém, dizem que essas fraudes não estariam relacionadas a essas atividades.

— Em momento algum ele levantou a hipótese de estar havendo fraude no nosso setor. Disse a ele ser fundamental identificar estas fraudes, puní-las exemplarmente, e liberar os recursos combinados para os demais — disse o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.

Congresso cobra detalhes
Líderes da Câmara que participam dessas discussões pedem à Fazenda mais detalhes sobre as suspeitas.

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), autor do projeto de lei que criou o Perse, afirma que ainda não conseguiu entender o tamanho da renúncia de R$ 17 bilhões, alegada pelo ministro como principal causa para eliminar o programa, e também as suspeitas de lavagem de dinheiro que estão sob investigação pela pasta.

— O Parlamento não tem esse número de R$ 17 bilhões, e os setores não têm. Quero saber onde está isso. Se alguém teve o benefício sem ter o direito, a culpa não é do programa nem do Parlamento, nem dos setores que estão no eixo no Perse. É preciso negociar e fazer os ajustes — afirmou Carreras.

A avaliação do deputado é de que a MP foi muito mal recebida na Câmara e não passaria nem "pelos corredores" da Casa. Segundo Carreras, o setor de eventos foi o mais atingido durante a pandemia, contraiu dívidas, e agora precisa de um suporte para conseguir pagar os financiamentos contraídos. Além, ele alega que o setor é o maior empregador do país desde o fim da crise sanitária.

— Se o ministro Haddad quer rediscutir o programa, o Parlamento está disposto, mas não da forma da MP e com radicalismo. Tem que dialogar — afirmou Carreras.

Discurso de Lira
Nesta segunda-feira, em seu discurso na cerimônia que marcou a abertura do ano legislativo no Congresso, Lira citou nominalmente o Perse como uma "conquista".

— Conquistas como a desoneração (da folha) e o Perse, essencial para que milhões de empregos de um setor devastado pela pandemia se sustentem, não podem retroceder sem ampla discussão com este Parlamento — afirmou Lira.

Na manhã desta terça-feira, Haddad comentou sobre o programa, durante evento de um grande banco em São Paulo.

— O Perse foi um programa que era para ter acabado. E nós avisamos o congresso: ó, isso vai custar mais de R$ 20 milhões. E o congresso estava convencido que custaria R$ 4 bilhões. Bom custou R$ 17 bilhões, segundo o informe do contribuinte. Mas isso não contempla aqueles que não declararam — disse o ministro.

A pretensão do chefe da equipe econômica é que a medida seja encerrada gradualmente até 2025.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter