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Fed mantém taxas de juros, mas revisa previsões para crescimento e inflação nos EUA

Em uma coletiva de imprensa após a divulgação da nota, o presidente do Fed esclareceu que incerteza é "incomumente alta"

O presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome PowellO presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome Powell - Foto: Roberto Schmidt / AFP

O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) manteve suas taxas de juros inalteradas nesta quarta-feira (19), conforme esperado pelo mercado, mas alertou para uma maior "incerteza" no país e revisou suas previsões sobre o crescimento e a inflação.

Dois meses após o retorno de Donald Trump à Casa Branca, o Fed manteve suas taxas entre 4,25%-4,50%.

Porém, "a incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou", afirmou o comunicado do banco central americano.

Em uma coletiva de imprensa após a divulgação da nota, o presidente do Fed, Jerome Powell, esclareceu que essa incerteza é "incomumente alta".

Nesse contexto, o Fed reduziu sua previsão de crescimento para 2025 para 1,7% e elevou a projeção de inflação para 2,7%.

Anteriormente, previa um crescimento de 2,7% para este ano e uma inflação de 2,5%.

Após dois dias de reunião, o Fed demonstra menos confiança na saúde da economia dos Estados Unidos.

A projeção para o desemprego também foi revisada, passando de 4,3% para 4,4%.

Efeito das tarifas 
Powell afirmou que a inflação começou a subir nos Estados Unidos em parte devido às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.

"Claramente, parte [da inflação], uma boa parte, vem das tarifas", declarou o presidente do Fed, acrescentando que "pode haver um certo atraso em um maior aumento" inflacionário no restante do ano.

Nesse contexto, o risco de recessão nos Estados Unidos aumentou, mas não é alto, afirmou Powell.

"Se voltarmos dois meses, as pessoas diziam que a probabilidade de uma recessão era extremamente baixa. Então, ela aumentou, mas não é alta", declarou.

"Catástrofe" 
Desde a última reunião do Fed, em janeiro, que também manteve as taxas, o panorama mudou significativamente.

As empresas enfrentam novos aumentos de tarifas, os consumidores precisam monitorar os gastos e os investidores duvidam que os Estados Unidos possam sair ilesos das medidas econômicas impostas por Trump.

Além de uma ofensiva tarifária, marcada por reviravoltas constantes, o magnata republicano encarregou o bilionário Elon Musk de cortar postos no governo federal e reduzir gastos.

Até agora, com uma economia em crescimento e uma taxa de desemprego baixa, o Fed concentrou-se na luta contra a inflação, que permanece acima da meta de 2%, situando-se em 2,5% em janeiro, segundo seu índice preferido, o PCE.

No entanto, especialistas preveem um novo aumento da inflação, o que poderia levar a uma alta das taxas de juros. Juros elevados encarecem o crédito, reduzindo o consumo e os investimentos, o que, por sua vez, alivia a pressão sobre os preços. Ao mesmo tempo, os economistas esperam que a economia esfrie, o que poderia pressionar o Fed a reduzir os juros para estimular o crescimento.

Trump tem insistido na necessidade de um corte nos juros.

O status quo "é a política mais apropriada neste momento, já que não sabemos realmente até onde irão as tarifas e por quanto tempo", disse à AFP o ex-presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, antes do fim do encontro de política monetária de terça e quarta-feira.

As iniciativas do presidente deixaram perplexo até mesmo o economista Michael Strain, do conservador American Enterprise Institute, que apoia vários aspectos do programa republicano.

Agora, ele classifica a gestão econômica do governo como uma "catástrofe".

"Antes era inconcebível que um presidente – incluindo Trump durante seu primeiro mandato – causasse deliberadamente tanto dano à economia", afirmou em seu blog. "Felizmente, ele herdou uma economia sólida", refletiu.

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