Logo Folha de Pernambuco

Guerra na Ucrânia

Fertilizantes devem ficar fora de sanções econômicas e comerciais, afirma ministra da Agricultura

Tereza Cristina vai defender essa posição na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza CristinaMinistra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Diante do risco de uma inflação mundial de alimentos por causa da escassez e dos elevados preços dos fertilizantes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina,  defende que o comércio global desses produtos não seja alvo de sanções econômicas aplicadas contra países em momentos de guerra, ou outras questões geopolíticas.

O tema será levado para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e começa a somar o apoio de ministros de outros mercados produtores de alimentos, para convencer a comunidade internacional a mudar esse cenário.

A crise no abastecimento de fertilizantes começou no ano passado, quando vários países adotaram sanções contra a Bielorrússia — cujo governo é acusado de violar os direitos humanos. Com os ataques militares à Ucrânia, vários países decidiram sancionar a Rússia comercialmente, o que pode afetar o fornecimento de fertilizantes para o Brasil.

"Quando o preço dos fertilizantes sobe, por conta de sanções unilaterais, isso tem impacto direto no preço dos alimentos. E quem mais sofre com essa inflação são os mais vulneráveis", afirmou a ministra.

Tereza Cristina discutirá essa proposta na próxima quarta-feira (16), em reunião com o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, a enviada especial para os Sistemas Alimentares do órgão, Agnes Kalibata, e o diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero.

Segundo ela, os alimentos não costumam ser usados em sanções e os fertilizantes poderiam fazer parte dessa regra.

Nesta quinta-feira (10), a ministra falou sobre o assunto em reunião com ministros da Agricultura da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Paraguai e do Uruguai. Segundo fontes que acompanharam os debates, Tereza Cristina foi amplamente apoiada por todos os participantes.

Para evitar problemas no plantio da próxima safra, previsto para setembro deste ano, e diante da informação da Associação Nacional dos Difusores de Adubos (Anda) de que o estoque no Brasil só vai durar até junho, a ministra já viajou à Rússia e ao Irã — dois importantes fornecedores.

No sábado (12), Tereza Cristina embarcará para o Canadá, outra fonte vista como alternativa para o desabastecimento. Em todas as visitas, a ministra conversa com governos e empresários, para assegurar o fornecimento desses produtos para o agronegócio brasileiro.

Nesta sexta-feira (11), o governo lançará o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), com metas a serem cumpridas em prazos diferenciados, de 2025 a 2050. Segundo O Globo  antecipou, o plano prevê o aumento de 25% da produção de fertilizantes orgânicos, além da criação de incentivos fiscais e outras medidas para estimular o ingresso de fábricas para o Brasil, a exploração de novas jazidas minerais e, com isso, a expansão da oferta nacional.  

"A ministra quer que o boicote à Rússia não ocorra nas relações comerciais. Mas, por enquanto, essa não é uma decisão colegiada, de um organismo internacional, mas de caráter voluntário de alguns países e dos próximos fornecedores, sem considerar o risco logístico", disse o advogado e professor de direito da PUC do Paraná, Eduardo Saldanha.

"Essa é uma questão bastante complexa", completou Saldanha.

Veja também

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história
clima

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"
medidas fiscais

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"

Newsletter