Fiesp pede redução de imposto a Haddad; ministro diz que reforma poderia ter saído em 2022
Josué Gomes propôs a depreciação, de maneira imediata, dos investimentos feitos na indústria de informação
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) ouviu de empresários e representantes de entidades patronais de segmentos da indústria uma série de pedidos em sua primeira reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta segunda-feira (30).
Após ouvir que a pioridade da indústria é a aprovação de uma reforma tributária, Haddad afirmou que o texto poderia ter sido aprovado em 2022, mas que travou com a proposta do então ministro Paulo Guedes de recriar um imposto nos moldes da antiga CPMF.
Haddad ouviu uma série de elogios do presidente da Fiesp, Josué Gomes, e dos presidentes da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, e da FIEB, Antonio Ricardo Alban. Josué lembrou o passado de Haddad na Mercantil Paulista de Tecidos ao destacar "excelente capacidade de negociação sem criar inimizade" do hoje ministro. Em seguida, argumentou sobre a urgência de uma reforma tributária.
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Josué Gomes propôs a depreciação, de maneira imediata, dos investimentos feitos na indústria de informação.
— Tem uma mudança no fluxo de caixa do governo federal, mas isso ajudaria a indústria a investir mais rapidamente e recuperar produtividade — argumentou.
Também relembrou a demanda da indústria para zerar o IPI "até a aprovação de uma reforma tributária". A intenção do governo é acabar com o tributo no âmbito da reforma.
— Talvez o senhor tenha de (...) abrir mão um pouco de arrecadação da indústria de transformação num primeiro momento para promover um crescimento que, pouco tempo depois, recuperará a receita com sobra. (...) Conseguir fazer com que os setores todos concordem com a neutralidade diminuindo a carga da indústria de transformação não é fácil. A gente tem de reconhecer que a reforma tributária não foi ainda aprovada porque dentro do próprio setor privado não há consenso sobre ela — afirmou o presidente da Fiesp.
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— Tivemos 28% do PIB e hoje temos 11%. E não foi porque o empresário industrial brasileiro desaprendeu. (...) O Brasil foi criando condições extremamente inóspitas para o desenvolvimento da indústria de transformação. A indústria de transformação recolhe 30% do total de tributos arrecadados no Brasil, apesar de ter apenas 11% de participação no PIB — disse Josué.
Para ele, a alta carga tributária paga pela indústria retira capacidade de investimento e compromete a competitividade. O dirigente da Fiesp também criticou o custo elevado de capital no Brasil, com juros reais de 8% ao ano.
Haddad evitou se comprometer com desonerações, mas reiterou seu compromisso com a aprovação de uma reforma tributária e de uma nova âncora fiscal ainda no primeiro semestre. Ao comentar a reforma tributária, criticou a gestão de Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PL), sem mencionar o nome do antecessor.
— As desonerações feitas no ano passado afetaram dramaticamente as arrecadações estaduais, muitas foram feitas sem critério técnico (...) Os governadores todos, desde ano passado, se manifestaram publicamente a favor da votação da reforma tributária. Não foi votada porque se insistia com agenda da CPMF — afirmou o ministro.
Haddad ressaltou que parlamentares reiteraram a ele que a reforma só não foi aprovada devido à pauta da criação de um imposto sobre transações financeiras.