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Economia

Fim de celulares da LG põe em risco 830 empregos em São Paulo

Além da unidade de Taubaté, onde 400 pessoas trabalham na divisão de smartphones, outras três fábricas na região serão afetadas pela decisão da empresa sul-coreana

Smartphone LGSmartphone LG - Foto: Divulgação/LG

O fechamento da fábrica de celulares da LG no Brasil colocará 830 empregos diretos em risco na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. Além da unidade de Taubaté, onde 400 pessoas trabalham na divisão de smartphones, outras três fábricas na região serão afetadas pela decisão da empresa sul-coreana de tecnologia.

Blue Tech e 3C, em Caçapava, e Sun Tech, em São José dos Campos, têm, juntas, cerca de 430 postos de trabalho, a maioria deles ocupados por mulheres. Essas três fábricas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José, não têm outras operações. O maquinário e toda a produção são voltados somente para atender a LG.

"As empresas ainda não foram informadas oficialmente, mas se não vai mais fabricar celular, elas vão fechar. O maquinário só serve para a LG", diz o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
A reportagem não conseguiu contato com as empresas terceirizadas.
 


A LG Electronics anunciou nesta segunda (5) a decisão de encerrar seus negócios em telefonia móvel em todo o mundo, decisão aprovada pelo conselho de diretores. A empresa prevê, em comunicado, que o desligamento das unidades de produção de smartphones esteja concluído até 31 de julho.

"Detalhes relacionados aos empregos serão determinados em nível regional", afirma a empresa em comunicado.
Na terça (6), o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté terá a primeira de uma rodada de reuniões com a LG para discutir o encerramento da produção. Até o fim da semana, serão quatro encontros.

"Cada divisão vai ter um plano específico de fechamento. Vamos ter reuniões terça, quarta, quinta e sexta e queremos discutir uma indenização social para os trabalhadores", diz Cláudio Batista, presidente do sindicato.
A LG do Brasil afirma, em nota, que negocia uma compensação adicional ao trabalhadores da fábrica, além dos direitos previstos em lei. Diz também que não estão descartadas outras possibilidades, "tais como realocação, transferência ou rescisão".

Em Taubaté, a LG chegou a produzir 600 mil celulares por mês, segundo o sindicato. Atualmente, estava em cerca de 250 mil aparelhos mensais. Nessa planta, os aparelhos são finalizados, inspecionados e embalados.
Além dos smartphones, a unidade de Taubaté produz monitores, tem um call center, assistência técnica e o setor administrativo. Nessas divisões trabalham cerca de 600 pessoas.

As trabalhadoras das linhas terceirizadas -cerca de 90% são mulheres, segundo o sindicato- fazem parte da montagem dos aparelhos, em uma etapa anterior à que passa pela unidade fabril de Taubaté. O sindicato de São José terá reuniões com as empresas contratadas a partir desta terça.

"Queremos garantir para essas trabalhadoras os mesmo direitos que serão pagos aos da LG", afirma Weller Gonçalves.
O anúncio do encerramento não pegou os trabalhadores de surpresa. Há cerca de dez dias, as quatro fábricas do Vale do Paraíba estavam em estado de greve, um tipo de aviso para pressionar alguma negociação. Os sindicatos cobravam das chefias alguma resposta sobre a possibilidade de as unidades serem desativadas.

A imprensa sul-coreana vinha registrando desde o início deste ano as tentativas da LG de vender suas fábricas de smartphones para o Vingroup, um conglomerado vietnamita de tecnologia. A intenção era vender as fábricas no Brasil e no Vietnã, mas as negociações não andaram.

Procurada, a LG no Brasil ainda não sabe dizer como ficarão os serviços de assistência técnica e pós-venda. Em nota, afirma que o negócio de celulares vinha registrando perdas operacionais desde o segundo trimestre de 2015. O prejuízo até dezembro de 2020 estaria em US$ 4,1 bilhões (cerca de R$ 23,1 bilhões). A sul-coreana também tem, no Brasil, uma unidade em Manaus, onde produz televisores.

O Procon-SP notificou a empresa quanto ao anúncio de fechamento. O órgão de defesa do consumidor também quer a relação de smartphones vendidos no Brasil, a vida útil estimada de cada aparelho, os planos de atendimentos e a oferta de componentes para reposição.

No comunicado em que anuncia a decisão de encerrar a operação com smartphones, a LG diz que continuará fornecendo suporte e atualizações aos consumidores que possuem celulares. Esse atendimento será mantido por um período que vai variar de acordo com a região.

"A decisão estratégica da LG de sair do incrivelmente competitivo setor de telefonia móvel darão condições de a companhia concentrar recursos no crescimento de áreas como componentes para veículos elétricos, dispositivos de conexão, casas inteligentes, robótica, inteligência artificial e soluções para negócios, além de plataformas e serviços", diz, em comunicado.

O anúncio da LG é mais um revés para a região do Vale do Paraíba. Com a decisão da Ford de deixar o Brasil, anunciada em janeiro, Taubaté perderá em breve 830 empregos diretos e cerca de 600 indiretos. As demissões na montadora norte-americana ainda estão em fase de negociação.

No ano passado, a Embraer cortou 2.500 empregos em São José dos Campos e Araraquara. As demissões estão sendo discutidas na Justiça do Trabalho, por meio de uma ação dos sindicatos das duas cidades, na qual pedem a reintegração dos dispensados.

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