Logo Folha de Pernambuco

Economia

FMI diz que acesso a vacina e estímulos tornam recuperação global desigual

O FMI destaca que a China já voltou ao patamar pré-crise em 2020, e os EUA devem voltar neste ano

Sede do FMI em Washington, nos Estados UnidosSede do FMI em Washington, nos Estados Unidos - Foto: AFP

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou a projeção de crescimento da economia mundial em 2021 de 5,5% para 6%, mas afirma que os países vão seguir caminhos divergentes de recuperação, que criarão lacunas significativamente maiores nos padrões de vida entre países em desenvolvimento e economias avançadas.

De acordo com o Relatório "Economic Outlook - gerenciando recuperações divergentes", divulgado nesta terça-feira (6), recuperações com múltiplas velocidades estão em andamento em todas as regiões e grupos de renda.
Essas divergências, segundo o Fundo, estão ligadas a diferenças marcantes no ritmo de vacinação, à capacidade de manter programas de auxílio e a fatores estruturais, como a dependência do turismo.

O FMI destaca que a China já voltou ao patamar pré-crise em 2020, e os EUA devem voltar neste ano. Nos demais países desenvolvidos, o retorno deve ocorrer no próximo ano, enquanto vários emergentes só vão alcançar essa retomada em 2023.
 


O PIB per capita deve recuar cerca de 20% de 2020 a 2022 nos países emergentes, ante 11% nos desenvolvidos.
Esse aumento da desigualdade já reverteu ganhos na redução da pobreza e espera-se que mais de 95 milhões de pessoas tenham entrado nas fileiras dos extremamente pobres em 2020.

O Fundo diz ainda que, em algumas economias, principalmente as desenvolvidas, é esperada uma ampla disponibilidade de vacinas em meados de 2021. Na maioria dos países, no entanto, isso só será alcançado no segundo semestre de 2022.
A instituição trabalha com um cenário em que uma proteção eficaz combinada com testes e rastreamento aprimorados vão reduzir as transmissões locais a níveis baixos em todos os lugares até o final de 2022.

"Dentro deste quadro global, a implantação da vacina será escalonada entre as regiões, com alguns países saindo da crise muito mais cedo e com novas cepas forçando ocasionais e localizados bloqueios antes que as vacinas se tornem amplamente disponíveis", diz o Fundo.

"Essas restrições devem ter menos impacto na atividade do que nas ondas anteriores por causa de sua natureza mais direcionada."

Segundo o FMI, a América Latina é uma das regiões em que, com algumas exceções (Chile, Costa Rica e México), a maioria dos países não garantiu vacinas suficientes para cobrir suas populações.

O Fundo também diz que a desigualdade de renda dentro dos países provavelmente aumentará, porque os trabalhadores mais jovens e aqueles com habilidades relativamente inferiores serão mais afetados. Nas economias em desenvolvimento, as taxas de emprego feminino permanecem abaixo dos homens, agravando essas disparidades.

"Como a crise acelerou as forças transformadoras da digitalização e automação, muitos dos empregos perdidos não devem ser recuperados, exigindo a realocação de trabalhadores entre os setores", diz o Fundo.

O FMI afirma que, embora ainda haja grande incerteza sobre a evolução da pandemia no mundo todo, uma saída da crise econômica e de saúde é cada vez mais visível.

A instituição cita não só o desenvolvimento de vacinas, mas também adaptações de diversos setores que permitiram uma recuperação mais forte do que a prevista anteriormente em várias economias.

Segundo o Fundo, o apoio fiscal adicional em algumas economias, especialmente nos Estados Unidos, eleva ainda mais as perspectivas econômicas. O FMI estima que a contração de 3,3% da economia global em 2020 poderia ter sido três vezes maior sem essas medidas de apoio.

Entre as mudanças nas projeções, destaca-se no relatório a revisão do crescimento dos EUA, de 5,1% para 6,4%. O país aprovou neste ano um Plano de Resgate da Economia e anunciou um programa de infraestrutura de US$ 2 trilhões em oito anos.

"Estamos agora projetando uma recuperação mais forte em 2021 e 2022 para a economia global, em comparação com nossa previsão anterior, com crescimento projetado em 6% em 2021 e 4,4% em 2022. No entanto, há desafios assustadores, relacionados a divergências na velocidade de recuperação tanto entre como dentro dos países e os potenciais danos econômicos permanentes decorrentes da crise", diz Gita Gopinath, conselheira econômica e diretora de pesquisa do Fundo.

A projeção de crescimento do Brasil foi revista de 3,6% para 3,7%. A estimativa é mais otimista do que a dos economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central (3,17%). O próprio BC projeta crescimento de 3,6%.

Ainda assim, o Brasil deve crescer menos do que a média dos países da América Latina e Caribe (4,6%), das economistas avançadas (5,1%) e dos países emergentes (6,7%). O Fundo prevê que a inflação no Brasil fique em 4,6% (2021) e 4,0% (2022).

A taxa de desemprego, por sua vez, iria de 13,2% no final de 2020 para 14,5% neste ano, voltando ao patamar do ano passado apenas em 2022.

No documento, o Fundo também destaca a importância das políticas de distanciamento social, que no Brasil têm sido criticadas pelo governo federal, para reduzir os problemas causados pela pandemia.
"Distanciamento social, vacinas e tratamentos têm ajudado a desacelerar o progresso do vírus e salvado vidas", diz o relatório.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter