ECONOMIA

FMI melhora projeção de crescimento do PIB brasileiro e defende atuação do Banco Central

Em relatório divulgado nesta terça-feira, Fundo afirma que reduzir inflação é "crucial"

Sede do FMI em Washington, nos Estados UnidosSede do FMI em Washington, nos Estados Unidos - Foto: AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera um crescimento moderado da economia brasileira em 2023, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa, que teve um leve aumento em relação à última projeção, de 0,9%, está em um relatório, divulgado nesta terça-feira (16), sobre o resultado de uma missão do FMI que esteve em Brasília no período de 2 a 16 de maio examinando as contas públicas do país.

“O crescimento da economia está moderando, mas espera-se que ganhe força a partir do próximo ano”, ressaltou a economista do Fundo, Ana Corbacho, que liderou a missão ao Brasil.

De acordo com o documento, apesar da queda de 2,9% em 2022 para uma expansão de 1,2% este ano, o Fundo espera uma melhora a partir de 2024, com um crescimento de 1,4%. Para 2025, o aumento do PIB projetado é de 2%.

Um ponto de destaque no relatório é o esforço fiscal do governo brasileiro e a atual política monetária do Banco Central, alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vários integrantes de sua equipe. Segundo o FMI, atual do BC é “consistente” com a redução da inflação.

“Apoiamos fortemente o compromisso das autoridades em melhorar a posição fiscal brasileira. Reforçar o arcabouço fiscal, ampliar a base tributária e enfrentar a rigidez dos gastos apoiariam a sustentabilidade e a credibilidade e, ao mesmo tempo, proporcionariam flexibilidade, inclusive para atender novos gastos prioritários”, diz um trecho do documento, que acrescenta:

“Baixar a inflação é crucial para proteger as famílias vulneráveis, que são as mais prejudicadas pela inflação alta. A política monetária é consistente com a redução da inflação para a meta, em linha com o regime de metas para a inflação que tem servido bem ao Brasil”.
 

Para a líder da missão do FMI, a inflação diminuiu rapidamente em relação ao pico atingido no ano passado, mas o núcleo ainda continua alto e as expectativas passaram a subir gradativamente. Ela enfatizou que a inflação deve convergir para a meta até meados de 2025 e observou que as perspectivas econômicas estão sujeitas a riscos de deterioração da conjuntura. Mas ponderou que “os fortes amortecedores”, como a solidez do sistema financeiro, elevadas disponibilidades de caixa e um nível adequado de reservas internacionais, ajudam a resiliência da economia.

Na avaliação dos técnicos do Fundo, reconheceram como importante melhorar a posição fiscal do país, alcançando um superávit primário de 1% do PIB em 2026. Porém, recomendam um esforço ainda mais ambicioso, que continue além de 2026, para que a dívida entre em uma trajetória descendente e, ao mesmo tempo, que os gastos sociais e os investimentos sejam protegidos. Isso se daria com um arcabouço fiscal reforçado, uma maior ampliação da base tributária e reformas que enfrentem a rigidez dos gastos.

O FMI também sugeriu que a definição de uma meta fixa de inflação de médio prazo poderia ser avaliada, como fazem outros países da região. Isso aumentaria a clareza em torno da flexibilidade em caso de choques e reduziria a incerteza.

“Em contraposição, estabelecer anualmente metas para inflação futura é uma maneira menos eficiente de obter flexibilidade. Um nível adequado de reservas cambiais e a taxa de câmbio flexível continuam a ser importantes amortecedores de choques.”

O FMI também elogiou o sistema bancário brasileiro, chamando-o de sólido, resiliente e os riscos sistêmicos estão contidos. Destacou que iniciativas de educação financeira para enfrentar bolsões de vulnerabilidades da dívida das famílias e proteger os consumidores são bem-vindas. Mas alertou que uma participação maior dos bancos públicos deve ser administrada com cuidado para mitigar os riscos para a sustentabilidade fiscal e a transmissão da política monetária.

“O Banco Central do Brasil está na vanguarda da inovação financeira. Entre as iniciativas notáveis, destacam-se o Pix, o sistema de pagamento instantâneo de grande sucesso lançado no fim de 2020, e o sistema financeiro aberto (Open Finance), adotado em 2021. Essas iniciativas aumentaram a inclusão, a eficiência e a concorrência financeira. O plano para o Real Digital irá apoiar uma infraestrutura pública de blockchain , promovendo a inovação financeira em um ambiente regulamentado.”

Outro ponto citado no relatório diz respeito à prioridade anunciada pelo governo brasileiro para a economia verde. Conforme o documento, essa “agenda ambiciosa” vai gerar oportunidades para um crescimento ambientalmente sustentável, tornando o Brasil mais competitivo em energias renováveis.

“Apoiamos os planos das autoridades para reforçar a resiliência climática, interromper o desmatamento ilegal e descarbonizar a economia.”

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