Argentina

FMI recomenda que Milei proteja os setores mais pobres da Argentina

Vice-diretora da instituição pediu que políticas de austeridade e reformas ultraliberais não sobrecarregem os setores mais vulneráveis da sociedade argentina; país tem programa de crédito de US$ 44 bilhões com Fundo

O presidente da Argentina, Javier Milei O presidente da Argentina, Javier Milei  - Foto: Juan Mabromata/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou que o presidente Javier Milei proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com reformas econômicas ultraliberais e busca reduzir a zero o déficit fiscal no país.

"As medidas concretas que forem adotadas para cumprir a meta fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o ônus não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres", declarou a vice-diretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación publicada no domingo.

A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de 44 bilhões de dólares. Em visita ao país na quinta e sexta-feira, a representante do Fundo se reuniu com Milei e membros de seu governo para valiar pessoalmente o progresso das medidas adotadas pelo país. Gopinath também teve encontro com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que demandam mais ajuda do estado.

O governo Milei tem enfrentado, nos dois meses e meio de gestão, uma desvalorização de 50%, a completa liberalização de preços, desregulamentações e cortes drásticos para alcançar o déficit fiscal zero ainda este ano, como principal remédio para conter uma inflação de 254,2% e reverter uma pobreza de mais de 50%.

Gopinath considerou "importante garantir que se mantenha o valor real das aposentadorias e da assistência social. Que as aposentadorias e a assistência social acompanhem o ritmo da inflação".

Ela opinou que "a economia herdada por este governo estava próxima de uma crise e requeria uma ação ousada e decisiva para afastá-la do precipício" e que já foram adotadas algumas medidas de alívio social, "mas será necessário mais, para garantir que a redução do déficit fiscal não recaia sobre os segmentos vulneráveis da sociedade".

"Prevemos que a inflação possa cair para um dígito até meados deste ano", disse a vice-diretora da instituição de crédito, "mas acredito que levará pelo menos um ano para reduzir a inflação para níveis baixos e, em seguida, mantê-la nesses níveis até 2025 também exigirá esforços", ela matizou.

Para o FMI, "também será muito importante investir em capital humano. Isso é um aspecto crítico. As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes. É o futuro do país. É importante garantir que essa porcentagem diminua muito e que se possa investir mais em educação".

Sobre os planos de Milei de dolarizar a economia para concluir suas reformas econômicas ultraliberais, Gopinath insistiu que "a decisão sobre que tipo de regime monetário um país possui é uma decisão soberana".

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