FMI vê desaceleração do crescimento econômico no mundo, mas revisa para cima o do Brasil
O Panorama Econômico Mundial indica ainda a projeção de uma queda acentuada da inflação para este ano
Em uma atualização do seu relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira (10), o Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que a economia mundial segue em crescimento, mas está em desaceleração. Por outro lado, revisou para cima a projeção de expansão do PIB brasileiro neste ano.
O FMI manteve a estimativa de crescimento da economia mundial para 2023 em 3% e reduziu para 2,9% em 2024, recuo de 0,1% em relação ao relatório de julho.
Para o Brasil, ao contrário, o Fundo projeta crescimento de 3,1% neste ano, uma elevação de 1 ponto percentual na comparação com o documento anterior. Para 2024, a estimativa é de avanço de 1,5%, avanço de 0,3 ponto na comparação com julho.
No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em setembro, o Banco Central já havia elevado a projeção de crescimento da economia brasileira para este ano, passando de 2% para 2,9%. Para 2024, a estimativa é de 1,8%. O governo brasileiro revisou em julho sua previsão de alta do PIB neste ano para 2,5%.
O relatório ressalta que a economia global continua a se recuperar da pandemia, dos impactos da invasão russa na Ucrânia e do elevado custo de vida com a inflação persistente em vários países.
Crescimento 'lento e desigual'
Apesar de os mercados de energia e alimentos terem sido afetados pela guerra e de um aperto monetário sem precedentes para combater a inflação elevada, a atividade econômica desacelerou, mas não ficou estagnada, destacou o FMI. Mesmo assim, o crescimento continua lento e desigual, com incertezas cada vez maiores.
O relatório indica ainda que a inflação básica mundial continua desacelerando, passando de 9,2% em 2022, em uma base anual, para 5,9% neste ano. Para 2024, a estimativa é de 4,8%. É provável que a maioria dos países não retornem aos índices pré-pandêmicos até 2025.
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De acordo com o relatório, o índice de preços nos EUA deve fechar o ano em 4,1%, chegando a 2,8% em 2024. O Federal Reserve (Fed), banco central americano que têm mantido os juros no maior patamar desde 2001, persegue a meta de 2%. Para o Brasil, a projeção é de 4,7% em 2023, desacelerando para 4,5% em 2024. Em julho, a estimativa era de 6,8% para 2023.
Países ricos estão mais lentos
O relatório do FMI mostra ainda que estão surgindo divergências importantes, deixando a atividade em algumas regiões muito abaixo das projeções pré-pandêmicas. A desaceleração é mais acentuada nas economias avançadas que nas emergentes e em desenvolvimento.
Entre as economias avançadas, a perspectiva de crescimento dos EUA foi revisada para cima, impulsionada pelo consumo e investimento, passando para 2,1% em 2023, contra uma estimativa anterior de 1,8%. Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 1,5% , avanço de 0,5 ponto percentual na comparação com julho.
Já a atividade da zona do euro foi revisada para baixo. Muitas economias de mercados emergentes também se mostraram resilientes, tendo a China como uma exceção, devido à sua crise imobiliária e ao enfraquecimento da confiança. O gigante asiático deve crescer 5% em 2023, menos que os 5,2% projetados em julho. Em 2024, o avanço deve chegar a 4,2%, recuo de 0,3 ponto.
A inflação e a atividade econômica são moldadas pelo choque do preço das commodities do ano passado. As economias que dependem muito das importações de energia da Rússia tiveram um aumento mais acentuado nos preços da energia e uma desaceleração mais acentuada. O repasse dos preços mais altos da energia contribuiu para a elevação do núcleo dos preços na zona do euro.
Segundo o Panorama, os países estão agora em diferentes pontos de seu ciclo de alta dos juros: as economias avançadas (exceto o Japão) estão próximas do pico, enquanto algumas economias de mercados emergentes que começaram a elevar as taxas mais cedo, citando o Brasil e o Chile, já começaram a flexibilizar.
As condições de crédito mais restritivas estão afetando os mercados imobiliários, os investimentos e a atividade, principalmente em países com maior participação de hipotecas com taxas ajustáveis ou nos quais as famílias estão menos dispostas ou aptas a fazer uso de suas economias. As falências de empresas estão aumentando em algumas economias, embora a partir de níveis historicamente baixos.