Focus: analistas do mercado elevam projeção para juros e inflação este ano
Em meio a críticas de Lula à política do Banco Central, previsão para Taxa Selic em 2023 sobe de de 12,50% para 12,7%
As críticas do presidente Lula à condição de autonomia do Banco Central e à política monetária conduzida pelo economista Roberto Campos Neto tem acendido o alerta de instituições financeiras no país.
Os analistas do mercado financeiro elevaram a projeção para o fim de 2023 para a Selic, a taxa básica de juros definida pelo Banco Central, de 12,50% ao ano para 12,75% ao ano. Hoje, a Selic está 13,75%.
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Também houve piora nas projeções para a inflação. O IPCA, índice usado nas metas do governo, deve fechar o ano em 5,79%, preveem os analistas - até semana passada, a previsão era de 5,78%.
Mas há quem já vislumbre inflação superior a 6% em 2023. Se confirmado, o IPCA terminará 2023 acima do valor alcançado no ano passado, quando fechou em 5,79%. O temor acerca de mudanças no regime monetário também já dificulta o processo de redução da inflação em 2024.
O Itaú Unibanco, que informou nesta segunda-feira a revisão de seu cenário macroeconômico, acendeu o alerta diante das dúvidas sobre a capacidade de o BC perseguir as metas de inflação determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Revisão da meta de inflação pode levar IPCA de 2024 para acima de 5%
O banco agora prevê o IPCA de 2023 em 6,3% ante 5,7%, incorporando aumentos sobre os preços administrados (como gasolina, emplacamento e licença, plano de saúde e energia elétrica).
Já para 2024, a projeção saltou de 3,7% para 4,2% considerando o impacto da desancoragem das expectativas de inflação. O banco sinaliza ainda que uma eventual revisão da meta de inflação poderia levar a expectativa de inflação de 2024 para acima de 5%.
Esperamos que o IPCA fique mais alto do que antes e vemos risco que a taxa Selic fique elevada por mais tempo, informou Mario Mesquita, economista-chefe do banco.
O Itaú ainda espera que o Copom reduza a taxa Selic para 12,50% este ano e leve os juros para 10% em 2024, mas não descarta risco de nova alta de juros caso haja piora das perspectivas inflacionárias.
Segundo o banco, para reverter a dinâmica negativa, o governo deve reforçar o compromisso com a inflação baixa, com a meta de inflação de 3% e reduzir a incerteza sobre sua postura quanto à autonomia do Banco Central.