Fórum de Davos premia duas ONGs da América Latina, uma é brasileira
O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) luta pela inclusão de mais negros e indígenas em cargos de liderança nas empresas
Uma organização não governamental comprometida com a saúde mental diante da violência na América Latina e um instituto brasileiro que luta pela inclusão social no mercado de trabalho foram homenageados na edição deste ano do Fórum Econômico Mundial de Davos.
Glasswing, uma ONG criada em El Salvador com sede em 12 países, oferece apoio psicológico para se lidar com situações de violência.
"Se você chega ao hospital porque foi esfaqueado, eles curam você, te costuram e você sai. Mas há muitas consequências de ter sido esfaqueado que não necessariamente são as lesões físicas", disse à AFP a salvadorenha Celina de Sola, que trabalha em países como Honduras e Guatemala.
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A organização, que tem cerca de 600 funcionários e milhares de voluntários, recebeu o prêmio de inovação social do Fórum de Davos.
Juntamente a programas de educação, a Glasswing oferece treinamentos sobre saúde mental a profissionais que trabalham em hospitais, escolas, forças policiais e administrações públicas, além de auxiliar imigrantes que cruzam a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Em vez de tirar uma menina da escola (se ela tiver dificuldades), a professora tem ferramentas para lidar com aquela situação e entender que talvez ela não tenha se alimentado, ou venha de um contexto difícil em casa, disse De Sola.
Este ano, o fórum também reconheceu, como Young Global Leader (jovem líder global) Luana Génot, uma das faces da luta antirracista no Brasil e diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que luta pela inclusão de mais negros e indígenas em cargos de liderança nas empresas.
Nossa grande proposta, enquanto instituição, é evitar o desperdício de talentos, disse Luana à AFP, contemplando profissionais que deixam a América Latina por questões raciais, ou de gênero.
Sua ONG mobiliza treinamentos antirracistas e para promover a inclusão no mercado de trabalho.
As empresas estão desperdiçando muitos talentos negros e indígenas, porque a primeira barreira da pessoa negra é sua cor da pele", ressaltou Génot, lembrando que, "no cenário brasileiro, temos mais de 220 milhões de pessoas, das quais 55% são pessoas negras, ou indígenas, mas apenas 5% estão nos cargos de liderança.