Fórum Nordeste: Especialistas discutem o gás natural como agente da transição energética
O quinto painel destacou as possibilidades e o potencial do gás natural como uma ponte para um futuro mais sustentável
O 5º painel do Fórum Nordeste 2024, realizado pelo Grupo EQM nesta segunda-feira (2), promoveu o debate acerca do papel do gás natural, combustível fóssil e limpo encontrado na natureza, na transição energética.
O painel "O Gás Natural como agente da transição energética" destacou as possibilidades e o potencial dessa fonte - normalmente encontrada em reservatórios profundos no subsolo, associado ou não ao petróleo - como uma ponte para um futuro mais sustentável.
O debate sobre Gás Natural contou com a presença de Roberto Zanella, diretor Técnico Comercial da Copergás; e teve como mediador Plínio Nastari, Presidente e CEO da Datagro Consultoria.
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O painel contou ainda com a participação de Alessandro Gardemann, CEO da Geo Biogás & Tech; Antônio Cesar Salibe, CEO da União Nacional de Bioenergia; e João Guilherme Matos, diretor executivo da OnCorp.
Desafios
Os especialistas exploraram como o gás natural pode atuar como um agente de transição, impulsionando a adoção de energias renováveis e a redução das emissões de carbono. Roberto Zanella destacou os esforços da Copergás em integrar fontes de energia renováveis, como o biometano, ao seu portfólio.
“Estamos desenvolvendo projetos que visam atrair novos tipos de fornecimento, como o biometano, que vem complementar e fazer uma transição do combustível fóssil para combustíveis renováveis”, explicou Roberto.
Ele acrescentou que o biometano, produzido a partir de resíduos sólidos, tem potencial para suprir até 130 mil metros cúbicos por dia até 2025, representando cerca de 7 a 8% do volume atual distribuído pela Copergás.
“Esse biometano será inicialmente produzido no Eco Parque Jaboatão, com a possibilidade de expansão para outras unidades de processamento de resíduos”, detalhou Zanella.
Zanella também abordou a expansão do mercado de Gás Natural Veicular (GNV) para veículos pesados, ressaltando os esforços da Copergás em incentivar a transição da frota de ônibus movidos a diesel para GNV em Pernambuco.
“Estamos focados em criar um caminho para realmente diminuir o impacto do óleo diesel no meio ambiente, e já realizamos testes bem-sucedidos com concessionárias locais, como a Conorte e a Mobibrasil, utilizando ônibus movidos a GNV da Scania”, afirmou Zanella.
Ele mencionou que Pernambuco está a caminho de se tornar o primeiro estado do Brasil com uma frota de ônibus movida a GNV, destacando os benefícios econômicos e ambientais dessa transição.
“Os resultados iniciais mostram ganhos significativos na redução do número de oxidação (NOx) e particulados, os principais responsáveis por problemas de saúde pública”, completou Zanella.
Perspectivas
Mediador do painel, Plínio Nastari, presidente e CEO da Datagro Consultoria, analisou as tendências para o futuro do gás natural no Brasil. Destacando tanto as vantagens quanto limitações da matéria como fonte de energia e ressaltou o enorme potencial do setor sucroenergético para a geração de biogás.
“Ao substituir o diesel, ele traz vantagens, como a redução de material particulado e enxofre. O maior potencial de geração de biogás no Brasil reside no setor sucroenergético, que corresponde a 56% do total. Esse potencial supera 100 milhões de metros cúbicos por dia, mais de três vezes a capacidade do Gasoduto Brasil-Bolívia”, explicou Nastari.
Alessandro Gardemann enfatizou como o biogás pode complementar o papel do gás natural na matriz energética brasileira.
“Com a produção descentralizada perto do consumidor, carbonizando em 95% as reduções de CO2 no gás natural, garantimos oferta em todo o Brasil, substituindo o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), reduzindo o custo da infraestrutura e levando combustível da transição para seu destino”, afirmou Alessandro.
Antônio Cesar Salibe, da União Nacional de Bioenergia, complementou a discussão ressaltando a importância do biometano e do biodiesel na substituição de combustíveis fósseis em diversas aplicações, desde veículos leves até pesados, e até mesmo na aviação e navegação.
“O biometano pode ser usado em tratores, caminhões, e também pode ser vendido para indústrias, como as de cerâmica, que utilizam muito gás. Isso ajuda a reduzir a poluição causada pelo diesel e promove uma produção energética mais limpa”, Concluiu Salibe.
João Guilherme Matos, da Oncorp, enfatizou o papel das políticas públicas e investimentos na expansão da infraestrutura de gás natural em Pernambuco.
“Estamos trazendo para Pernambuco a capacidade de originação de gás, o que proporcionará uma parcela significativa de segurança energética, além de maior competitividade tarifária”, disse Matos.
Os participantes ressaltaram ainda a importância de políticas públicas e investimentos estratégicos para consolidar o papel do gás natural na matriz energética do País.
O Fórum Nordeste 2024 teve patrocínio da Neoenergia, Copergás, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Sudene, FMC, Grunner e Cahu Beltrão; e apoio do Governo de Pernambuco, Fertine e Novabio.