França e Alemanha exigem resposta da UE a tarifas de Trump sobre carros
Canadá cria fundo de proteção a trabalhadores do setor automotivo. Presidente americano anunciou que taxará todos os veículos importados em 25% a partir de abril
Canadá, Japão e países europeus reagiram nesta quinta-feira ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o país vai taxar em 25% todos os carros importados.
Temendo o impacto sobre o mercado de trabalho no seu país, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou um fundo de proteção aos trabalhadores do setor automotivo, e os governos de França e Alemanha exigiram uma resposta a altura da União Europeia.
Carney descreveu a decisão de Trump como “um ataque direto” aos trabalhadores do setor automobilístico.
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- Este é um ataque muito direto. Nós defenderemos nossos trabalhadores. Nós defenderemos nossas empresas. Nós defenderemos nosso país.
Ele disse que precisa ver os detalhes do decreto de Trump antes de tomar medidas retaliatórias.
Mas classificou a decisão como injustificada e anunciou um fundo de resposta estratégica de 2 bilhões de dólares canadenses (US$1,4 bilhões) para proteger empregos no setor, que emprega diretamente 125.000 canadenses e quase outros 500.000 em indústrias relacionadas.
Automóveis são o segundo maior produto de exportação do Canadá.
Sobretaxa a itens americanos em estudo
Na Europa, o ministro das Finanças da França, Eric Lombard, foi quem mais elevou o tom com os EUA, acusando-o de “mudar completamente sua política econômica de maneira muito agressiva”.
- A única solução para a UE será aumentar suas próprias tarifas sobre produtos americanos - acrescentou Lombard à Radio France.
Segundo ele, Bruxelas já está trabalhando em uma lista de produtos alvo. A França tem defendido que a União Europeia use sua arma comercial mais forte contra os EUA, o chamado instrumento anticoerção, aplicando tarifas sobre os produtos americanos.
Seria a primeira vez que o bloco usaria esse tipo de medida contra a potência americana, segundo a Bloomberg.
“Agora é crucial que a UE forneça uma resposta decisiva às tarifas. Deve ficar claro que não vamos recuar diante dos EUA. Força e autoconfiança são necessárias”, disse à Bloomberg por email o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que o bloco planeja “proteger seus interesses econômicos” enquanto busca uma solução negociada para a disputa. Mas não deu pistas de quais seriam as medidas adotadas.
Mesmo com as reações mais incisivas de europeus e do Canadá, Trump não deu sinais de que vai recuar.
“Se a União Europeia trabalhar com o Canadá para prejudicar economicamente os EUA, tarifas em larga escala, muito maiores do que as atualmente planejadas, serão aplicadas a ambos”, postou em sua rede Truth Social na manhã desta quinta-feira.
“POR ANOS FOMOS ENGANADOS POR VIRTUALMENTE TODOS OS PAÍSES DO MUNDO, AMIGOS E INIMIGOS. MAS ESSES DIAS ACABARAM — AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR!!!”, escreveu o presidente americano, em letras maiúsculas.
Japão é o maior exportador, após México
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmou que “todas as opções” estavam sendo consideradas, e a Coreia do Sul prometeu uma resposta emergencial.
- Precisamos pensar na melhor opção para o interesse nacional do Japão - disse Ishiba ao Parlamento do país na quinta-feira. Estamos considerando todas as opções para alcançar a resposta mais apropriada.
Executivos da indústria alertaram que os fabricantes de carros asiáticos e europeus seriam os mais atingidos. Fabricantes de carros de luxo, como Jaguar Land Rover e Aston Martin, estão expostos, já que não fabricam carros nos EUA.
Com US$ 40 bilhões em vendas de carros para os EUA em 2024, o Japão é o maior exportador de veículos acabados para o país, depois do México, onde as empresas japonesas são os principais fabricantes, segundo o Financial Times.
A decisão da Casa Branca de impor tarifas sobre automóveis importados e autopeças, no entanto, causaria mais danos aos EUA, dizem analistas.
uase metade dos carros vendidos no país é importada, e os carros montados nos EUA contêm cerca de 60% de peças de origem estrangeira, de acordo com pesquisa da Bernstein.