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MERCADO

Fusões e aquisições no varejo aceleram para dar escala à digitalização

O Magazine Luiza era um expoente na tendência. Apenas nos últimos dois meses a empresa anunciou cinco aquisições de diferentes empresas

Luiza Trajano, dona do Magazine LuizaLuiza Trajano, dona do Magazine Luiza - Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Compras que podem ser feitas sem filas, na hora do almoço ou de madrugada. Cupons de desconto válidos para aquisições por aplicativo, ferramentas de comparação de preço online e cashback com condições especiais no site. Tudo pago em minutos com alguns cliques.

Com essas e outras opções de vendas, o varejo brasileiro já havia entrado em um ciclo de transformações digitais. A pandemia, logo nos primeiros meses, mostrou que dar escala ao comércio eletrônico representa não apenas a diferença entre ter lucro ou prejuízo, mas define a sobrevivência ou morte de um negócio.

O processo de consolidação por meio de M&As (sigla em inglês para fusões e aquisições) foi deflagrado ainda em 2020. Mas comprovada a mudança de comportamento do usuário em relação ao online, estimulada pelo distanciamento social, as empresas passaram a adotar a reestruturação no estilo Juscelino Kubitschek –ex-presidente do Brasil cujo plano de metas era fazer 50 anos de progresso em 5 anos de execução.

O Magazine Luiza era um expoente na tendência. Apenas nos últimos dois meses a empresa anunciou cinco aquisições de diferentes empresas (Steal The Look, Tonolucro, GrandChef, SmartHint e Jovem Nerd), além de ter recebido aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para concluir uma outra aquisição anunciada em dezembro, da Hub Prepaid.

No entanto, na semana passada, anúncios consecutivos de negócios de peso deixaram claro que o processo de consolidação no varejo vai ser mais rápido e profundo do que se previa.

Na segunda-feira (26), o Grupo Soma, dono das marcas Farm e Animale, fechou acordo para comprar a Cia Hering, avaliada em cerca de R$ 5,3 bilhões com a operação. Na quarta-feira (28) veio a fusão entre B2W e Lojas Americanas.

Além de abrirem espaço para ampliarem linhas de produtos, diversificarem o leque de consumidores, bem como agilizarem os canais de distribuição nos segmentos em que já atuam, os dois negócios criam as condições para as empresas que vão emergir da associação possam entrar em outras áreas.

"Uma vez que você tem os dois grandes alicerces, com uma rede de lojas físicas relevante e uma operação digital de bom tamanho, é possível vir com novas ofertas e apostas em até outros setores, como o financeiro", afirma Fernando Fernandes, sócio da L.E.K. Consulting, especializada em estratégia de varejo.

"É um movimento que não tem volta e que deve continuar acontecendo em todos os segmentos do varejo."

Segundo o sócio da consultoria e auditoria PwC Brasil Leonardo Dell'Oso, não é por nada que esse movimento envolva justamente empresas de varejo e negócios digitais.

"Empresas que se beneficiaram durante a pandemia viram oportunidade de expandir suas estratégias para continuar a trazer um crescimento acelerado", afirma.

Dell'Oso estima que o movimento de consolidação vai envolver não apenas companhias com mais robustez tecnológica, mas também as que começaram a jornada online há pouco. Fusão e aquisição fazem parte do caminho mais ágil e menos custoso para dar escala às operações.

"A grande maioria das empresas foi buscar capital para expandir ou viabilizar seus negócios online", afirmou Dell'Oso. "O problema é que os instrumentos de dívida estavam difíceis e o crédito bancário estava caro e escasso –fusões e aquisições são alternativas."

São também a opção para somar qualidades –validar sinergias, como se diz no jargão do mercado– em um espaço mais curto de tempo.

O presidente da Soma, Roberto Jatahy, deu a dimensão da estratégia. Afirmou que a operação com a Hering multiplica em 3,8 vezes o mercado endereçável da companhia –que passaria a alcançar uma fatia de R$ 110 bilhões do consumo de vestuário.

Já a Hering ganharia a expertise da Soma na integração dos canais digitais e da tecnologia em gestão de estoques.

Na outra operação, a B2W, que opera os comércios eletrônicos Americanas.com, Submarino e Shoptime –além de ter uma relevante operação digital de pagamentos, a Ame–, passará a comandar a empresa resultante da fusão, que irá se chamar americanas s.a. (com o a minúsculo), aproveitando que é a marca mais conhecida.

Hoje, a B2W é controlada pela Lojas Americanas, que detém 62,48% das ações da empresa de ecommerce, sendo maior acionista.

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