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TECNOLOGIA

Futurecom 2024: especialistas do IEEE debatem as tendências da tecnologia para 2025

Painel do instituto marcou primeiro dia da feira, que reúne mais de 30 mil pessoas em São Paulo

Futurecom 2024 acontece em São PauloFuturecom 2024 acontece em São Paulo - Foto: Fabio Nóbrega/Folha de Pernambuco

SÃO PAULO (SP) — As tendências da tecnologia para o ano de 2025 foram debatidas por especialistas do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) no Futurecom 2024, que começou nesta terça-feira (8), em São Paulo. 

A organização participou do primeiro dia do Futurecom 2024 na capital paulista com um painel com cinco de seus membros para discutir os avanços da tecnologia para o próximo ano.

Entre os temas abordados, os especialistas citaram o desenvolvimento das aplicações da Inteligência Artificial (IA), os Digital Twins (gêmeos digitais), a Internet das Coisas (IoT) e robótica, além das mais recentes inovações na prevenção e resolução de situações decorrentes de catástrofes, bem como os novos conhecimentos no setor de segurança cibernética. 

Membro sênior do IEEE, a professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (URFB) Cristiane Pimentel apresentou o uso do conceito do Digital Twin (gêmeo digital, na tradução literal do inglês). 

Gêmeo digital é uma espécie de representação virtual de um objeto, sistema ou processo físico que permite simular, prever e otimizar o seu desempenho. No caso do trabalho de Cristiane, o objetivo é otimizar unidades de saúde. Ela define essa tecnologia como promissora quando se fala no conceito de desenvolvimento de ferramentas sustentáveis.

"Existem pesquisas de mercado que mostram um crescimento de 33% nos próximos anos”, citou Cristiane Pimentel, ao falar do uso dos gêmeos digitais. “No hospital onde trabalho, em Feira de Santana [na Bahia], usamos em mudanças de fluxo. Estudamos isso de forma simulada para que possamos ter um resultado mais efetivo”, completou.

Cristiane irá conduzir um talk-show no segundo dia do Futurecom 2024, nesta quarta-feira (9), no qual irá aprofundar a discussão em torno dos gêmeos digitais. Ela ainda afirmou que há desafios pela frente, mas que a implementação teve início, e com resultados positivos. 

Tecnologia na resolução de adversidades
Em um mundo onde cada vez mais os extremos climáticos e suas consequências batem à porta, usar a tecnologia para prevenir e resolver as adversidades é imprescindível. É o que defende o membro sênior do IEEE e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Euclides Chuma.

Membros do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos no Futurecom | Foto: IEEE/Divulgação

No painel desta terça-feira (8), Chuma destacou o uso da Mobilidade Aérea Avançada para resolver os problemas causados pelas catástrofes, como as recentes queimadas no Brasil

“Uma das tecnologias que vejo para 2025, até 2030, são os veículos autônomos, principalmente os aéreos. Os aéreos são até, de certo modo, mais simples de se implementar, porque você tem um grau de liberdade a mais, que é a altitude”, explicou o pesquisador ao explicar o uso dos eVTOL, os chamados “helicópteros do futuro”. 

“Como é no caso das queimadas? Hoje, é resolvido com os bombeiros com helicópteros ou aviões transportando água. Esse transporte coloca em risco a vida dos profissionais e pode ser feito com drones, é uma excelente solução. Na verdade, seria um ótimo ponto de partida para implantar, usar esses drones para apagar incêndios em áreas remotas”, completou. 

A Embraer, inclusive, apresentou, em julho deste ano, o primeiro protótipo do seu exemplar de “carro voador”.

Ética, quântica e indústria 4.0
Membro do IEEE e professora de Robótica e Inteligência Artificial e vice-diretora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Esther Colombini falou sobre o uso da IA de forma ética e inclusiva com o foco na promoção da sustentabilidade. 

“Precisamos discutir que esses modelos não são necessariamente tão inteligentes quanto parecem. Eles erram, alucinam, dão respostas não condizentes. Temos discussões éticas e precisamos nos aprofundar no que esses modelos são capazes e não são capazes”, pontuou Esther.

“A IA do futuro precisa ser sustentável porque as atuais não são. Temos que saber quais são os problemas reais. Não adianta ter uma inteligência que propaga as coisas não inteligentes que temos”, completou a pesquisadora. 

Esther também lembrou que é preciso ficar atento ao uso dos vieses nas IAs. “A área de IA não tem padrão, estamos nadando num território sem lei, praticamente. Se o dado está errado, o modelo está errado. O problema do viés vai em todas as direções que você possa imaginar”, acrescentou a professora.

Membro sênior do IEEE e professor de engenharia de Computação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Marcos Simplicio falou sobre a necessidade de reforçar a segurança cibernética em um mundo interconectado como o atual por meio da criptografia pós-quântica.

“Tudo que foi construído de segurança nos últimos 30 anos cai por terra a partir do momento que computadores quânticos chegam nas mãos de potenciais atacantes”, alertou, completando que já têm acontecido problemas de sistemas de Inteligência Artificial sendo usados para ataques. 

Já a membro do IEEE, pesquisadora do Grupo de Robótica, Controle e Processos Minerais do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e professora do Programa de pós-graduação na Proficam e Ciência dos Materiais da Universidade Federal do Pará (UFPA) Rosa Correa falou sobre a necessidade de maior investimento na indústria 4.0, basicamente é aquela que permite a produção inteligente e a criação de fábricas inteligentes. 

“Essas tecnologias visam melhorar a nossa vida. A ideia é tirar algumas atividades dos humanos, principalmente aquelas tarefas monótonas, inseguras e repetitivas. E há vários desafios para a implementação”, afirmou Rosa.

A professora ainda destacou que o avanço dessa indústria 4.0 irá permitir uma redução de custos, tornando os processos mais sustentáveis.

“O recurso humano envolvido vai precisar se reinventar, mudar e se adaptar àquele novo ambiente. Quando estamos mais conectados, estamos mais frágeis. É um grande desafio que a indústria 4.0 tem para enfrentar nos próximos anos”, finalizou.

O IEEE
O IEEE é a maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. 

Os membros do instituto inspiram uma comunidade global a inovar para um futuro melhor por meio de seus mais de 420 mil membros em mais de 160 países. No Brasil, são mais de 5 mil membros.

As publicações, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais do IEEE são recomendadas por diversos especialistas.

Futurecom 2024
A 24ª edição do Futurecom, maior evento de conectividade, inovação e tecnologia da América Latina, é realizada entre 8 e 10 de outubro, no São Paulo Expo, na capital paulista. 

Com o tema central "Brand New World on the Edge - A conectividade e as novas relações pessoas-máquinas", o evento irá explorar as fronteiras das interações entre humanos e tecnologias emergentes.

*O jornalista viajou a convite do IEEE

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