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TECNOLOGIA

G20: Google acelera iniciativas de inteligência artificial contra efeitos da mudança climática

No Rio, diretora apresenta soluções para o trânsito e sistemas de prevenção de inundações e monitoramento de incêndios florestais em tempo real

Juliet Rothenberg, diretora da área de pesquisa da GoogleJuliet Rothenberg, diretora da área de pesquisa da Google - Foto: divulgação

Monitoramento de incêndios a partir de uma combinação de satélites, sistemas de prevenção de inundações com inteligência artificial (IA) e sugestão de rotas para motoristas consumirem menos combustível no aplicativo de mapas.

Essas são algumas das soluções que o Google está acelerando no Brasil, de acordo com Juliet Rothenberg, diretora da área de pesquisa para o clima da gigante americana de tecnologia.

Ela conversou com O Globo durante sua passagem pelo Rio de Janeiro para participar dos eventos do G20, a cúpula dos chefes de Estado das maiores economias do planeta.

— A mudança climática é causada globalmente, mas os efeitos são sentidos localmente. À medida em que desenvolvemos soluções de IA climática, precisamos ter uma compreensão profunda dos problemas locais. Muitas de nossas soluções começam em uma região específica e depois se expandem globalmente. Temos soluções em mente nas quais o Brasil provavelmente será pioneiro — explica Juliet, que participou de um painel da U20, grupo de trabalho que reúne especialistas em urbanismo e autoridades de várias cidades ao redor do mundo.

Uma das principais especialistas do Google sobre o tema, Juliet antecipou uma das novidades que a empresa americana está lançando no Brasil. Na palma da mão, o usuário poderá, através do aplicativo Google Maps, traçar rotas mais eficientes, com menor consumo de combustível e, consequentemente, de emissões de gases do efeito estufa. A solução deverá estar disponível nas próximas semanas.

— Estamos começando a lançar no Brasil. A ideia é que o Google Maps ofereça aos motoristas a opção de escolher a rota mais eficiente em termos de combustível. Para utilizar, os usuários precisam selecionar o tipo de veículo que possuem. Usamos um modelo de consumo de combustível desenvolvido em parceria com o Departamento de Energia dos EUA, baseado em vários fatores, como tipo de motor e topografia da cidade. E então usamos IA para generalizar esse modelo e permitir que ele seja escalado para bilhões de usuários — explica Juliet.

Qualidade do ar carioca
No fim de semana, o Google também anunciou uma parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro para instalar sensores que medirão a qualidade do ar. Além disso, a companhia já opera na cidade do Rio e em Campinas, no interior de São Paulo, um sistema de IA nos semáforos, que permite um uso mais eficiente com base nas condições de trânsito. Segundo a executiva, essa solução deve chegar a outras cidades do país.

— Vimos que mover (o trânsito) apenas alguns segundos de uma direção para outra pode reduzir o tráfego em até 30% e as emissões em até 10%. É um ganha-ganha para os motoristas e para o clima. Já temos essa solução em semáforos de 14 cidades no mundo, como Rio e Campinas, além de locais na Alemanha, Índia e Indonésia. Pretendemos ampliar o serviço para outras cidades do Brasil.

A executiva revelou ainda que, além do trânsito, as inundações e os incêndios florestais estão no topo das prioridades da companhia nesse campo de atuação. Juliet cita a parceria de três anos com o Serviço Geológico do Brasil para montar um sistema de dados capaz de antecipar, em até sete dias, possíveis enchentes, ao cruzar informações como precipitação, temperatura, topografia, tipo de solo, umidade e altura do rio.

— Também incorporamos dados de satélite para verificar, historicamente, quando uma área foi inundada. Alimentamos todos esses dados em um modelo de IA chamado Rede de Memória de Longo e Curto Prazo (LSTM, na sigla em inglês). Basicamente, é um modelo de IA de série temporal. Você vê como esses dados evoluíram ao longo do tempo, o que nos permite obter previsões com maior antecedência. A maneira histórica de prever inundações é baseada em medidores (bastões) fixos que mostram a altura do rio. Com a IA, podemos usar todos os tipos de dados — detalha Juliet, destacando que a empresa já fornece esse tipo de previsão para 150 países.

Alta precisão
A companhia também anunciou a criação de um conjunto de satélites de alta precisão para detecção rápida de incêndios florestais a um investimento de US$ 13 milhões para auxiliar bombeiros e brigadistas com informações em tempo real sobre pequenos incêndios. A inteligência artificial permitirá monitorar e atualizar a situação dos incêndios a cada 20 minutos, agilizando as ações de combate e salvamento.

— Estamos usando IA em imagens de satélite para mapear incêndios florestais quase em tempo real e exibi-los no Google Maps e na pesquisa do Google. Lançaremos o primeiro satélite no início do próximo ano.

Juliet ressalta ainda que novas soluções que estão sendo testadas no mundo podem ser ampliadas para o Brasil. Ela cita as ondas de calor que vêm afetando diversas cidades ao redor do planeta.

— Eu estava conversando com alguém sobre como as ondas de calor chegaram ao Brasil de maneira bastante significativa. Uma das soluções que estamos testando com 14 cidades nos EUA envolve o uso de IA e imagens de satélite para entender os fatores que realmente impactam a formação de ilhas de calor urbano, onde, em certas partes das cidades, as temperaturas podem ser mais altas em alguns graus. Uma das grandes influências sobre o calor de um bairro é a cor dos telhados. Assim, desenvolvemos uma ferramenta para as cidades que permite modelar os impactos de mudar a cor dos telhados em um bairro.

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