Logo Folha de Pernambuco

Emendas

Gastos com emendas parlamentares engessam e comprometem 16% das despesas livres do governo

Instituição Fiscal Independente do Senado fez estudo sobre a evolução das verbas indicadas por deputados e senadores

Esplanada dos Ministérios, em Brasília Esplanada dos Ministérios, em Brasília  - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

No momento em que o Congresso discute novas regras para emendas parlamentares, a Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI) divulgou levantamento que aponta o crescimento desses gastos no percentual total das despesas discricionárias, que não têm o pagamento obrigatório, como salários de servidores.

Em 2020, esse comprometimento era de 11,1%, passando para 16,8% em 2024. O estudo mostra que, até setembro de 2024, a despesa discricionária total chegou a R$ 153 bilhões e um gasto com as emendas parlamentares de R$ 45,7 bilhões.

"Isto reflete um duplo fenômeno na dinâmica recente do orçamento brasileiro: o fortalecimento do instrumento das emendas parlamentares na definição do perfil dos gastos públicos federais, e o paulatino e radical enrijecimento do orçamento público federal com o veloz crescimento das despesas obrigatórias (previdência, salários, precatórios, benefícios sociais), estrangulando cada vez mais a capacidade de investimento governamental ", avalia o diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana. 

O estudo ainda lembra que as emendas parlamentares surgiram na Constituição de 1988, mas se tornaram impositivas ocorreu em 2014.

O texto estipulava a obrigatoriedade da execução orçamentária e financeira, de forma equitativa, da programação incluída por emendas individuais na Lei Orçamentário Anual (LOA).

Na época, foi definido que essas emendas seriam aprovadas até o limite de 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) do ano anterior.

Porém, com o fim das emendas de relator, o chamado orçamento secreto, governo e parlamentares entraram em um acordo para que o valor das emendas individuais ficasse em 2% da RCL, enquanto as emendas de bancada seriam 1% da RCL.

Como mostrou O GLOBO, o projeto aprovado pela Câmara que altera critérios das emendas parlamentares inclui novas amarras para que as indicações de deputados e senadores sejam efetivamente pagas pelo governo. Especialistas em contas públicas apontam ao menos três itens em que as regras vão "engessar" o controle do Orçamento pelo Palácio do Planalto.

A proposta, por exemplo, impede que o governo contingencie os recursos indicados pelo Congresso num patamar superior a das demais despesas não obrigatórias. No texto final, os deputados trocaram o termo “bloqueio” das emendas por “contingenciamento”. A mudança diminui a margem de corte nos valores pagos aos parlamentares que o governo poderia fazer.

Veja também

Aneel deve aprovar novas regras de subsídios na tarifa de energia até abril de 2025, diz Zymler
TARIFAS

Aneel deve aprovar novas regras de subsídios na tarifa de energia até abril de 2025, diz Zymler

Temer elogia pacote do governo e diz que Haddad é uma agradável surpresa
ELOGIO

Temer elogia pacote do governo e diz que Haddad é uma agradável surpresa

Newsletter