ACP 183 Anos

Gestão voltada para o futuro

Tiago Carneiro, presidente da Associação Comercial de Pernambuco busca tanto novas articulações como a consolidação do papel da ACP no cenário regional e nacional

Tiago Carneiro, presidente da Associação Comercial de PernambucoTiago Carneiro, presidente da Associação Comercial de Pernambuco - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Uma gestão voltada para o futuro. É assim que podemos definir a condução do trabalho de Tiago Carneiro, atual presidente da Associação Comercial de Pernambuco (ACP). Advogado de formação, Tiago assumiu os trabalhos na ACP após seu pai, Luiz Alberto Carneiro, presidente anterior, deixar o cargo. Com o objetivo de mesclar a experiência com a juventude, a chapa comandada por ele assumiu no ano passado a administração da instituição até o final deste ano. A ideia é buscar novas articulações e a consolidação do papel da ACP no cenário regional e nacional. Hoje, são cerca de 300 associados. Empresas com 5 mil funcionários a negócios com apenas um empregado.

Confira a seguir uma entrevista exclusiva com o presidente da Associação Comercial de Pernambuco.

Como surgiu a Associação Comercial de Pernambuco (ACP)?
Ela foi fundada em 1839, com a necessidade do mercado de se ajustar e ter processos estabelecidos, fazendo parte da evolução dos negócios em Pernambuco. A partir daí, temos uma história rica em colaborações para o setor empresarial como um todo. Atendemos empresas de todos os segmentos.

O que o atraiu na ACP?
A gente vem dando continuidade a um projeto que foi iniciado em 2016, com a candidatura de meu pai, o meu antecessor na Associação. A partir de então, comecei a me encantar, a viver mais e conhecer melhor. Isso tudo gerou um sentimento em mim no sentido de dar continuidade ao trabalho que ele não conseguiu completar.

Conseguimos arregimentar uma quantidade de jovens que antes estavam desconectados com o movimento do associativismo empresarial. Esse movimento no mundo inteiro passou por uma crise de identidade, porque o que a associação fazia, outras entidades estão fazendo. Ainda temos serviços exclusivos, que são diferenciais para nossa atuação.

Antes de lançar minha candidatura, rodei o Brasil por associações para entender o movimento, o que era feito de diferente e que podia trazer para Pernambuco, fazendo um intercâmbio de oportunidades.

E o que foi feito para iniciar uma mudança?
Diante de toda riqueza, patrimônio histórico e do seu potencial, não queríamos que o movimento perdesse espaço e passamos por meses de planejamento, discussão, identificando as dificuldades, direcionando o futuro. Desde que assumimos, a associação tinha débitos expressivos, e conseguimos reduzir até R$ 2 milhões dessa dívida, com obras a fazer na estrutura física.

Mudamos um pouco a composição da diretoria que estava com a cara do meu pai, e fizemos uma junção que é da experiência dos que atuam a mais tempo com a energia da juventude. Os trabalhos estavam com uma atuação mais interna na associação e menos dedicado aos trabalhos externos e também alteramos esse ponto.

Buscamos conectar a Associação Comercial de Pernambuco a outros entes da sociedade, trabalhando por meio de uma boa equipe de comunicação para começar a implementar nossa reconexão com o mercado, mostrando o que estávamos fazendo, nossos projetos. Aos poucos reconquistamos o espaço que foi ocupado por outras entidades.

Hoje, como a ACP atua com as suas parcerias?
Conseguimos levar desenvolvimento socioeconômico para lugares mais remotos. Temos projetos que beneficiam tanto a gestão pública municipal, quanto a população. Um exemplo está em Cabrobó, onde implementamos um aplicativo, que é o Cabrobó Na Palma Da Mão, a partir de um projeto nosso, o Sua Cidade Na Palma da Mão, onde existe uma interação maior e direta entre a administração pública e a população.

A plataforma será lançada em setembro e somos a entidade que promove o projeto, sendo feito em um convênio ­­­­­ com a Universidade de Pernambuco (UPE), Prefeitura de Cabrobó, Universidade de Pernambuco, e uma empresa privada parceira, que é quem vai fornecer o conhecimento técnico não acadêmico. Essa é uma das formas de promover o desenvolvimento socioeconômico, com a interiorização, já que nossa RMR é muito bem servida de serviços e sentimos que o interior é carente de muitos serviços e produtos.

A academia e o mercado devem estar próximos e a gente não vê isso acontecer no Brasil, mas é uma cultura que precisamos cada vez mais implementar, a da interação com os setores da sociedade.

Quais os principais desafios?
Assumi durante a pandemia da Covid-19 e com isso o associativismo voltou a ter um protagonismo maior. Vimos entidades fazendo trabalho junto a governos em todas as esferas, mostrando que a interação entre o público e o privado deve acontecer sempre. Conseguimos sugerir, opinar, pleitear com o setor público.

Fomos surpreendidos porque a Associação virou um dos grandes representantes do setor, com reuniões isoladas com Governo do Estado, prefeituras municipais e GovernoFederal. Isso ajudou muito a nos reconectar e hoje temos uma visibilidade maior, conseguindo o reconhecimento de grandes entidades irmãs como a Associação Comercial de São Paulo, a do Paraná e a Confederação das Associações Comerciais do Brasil, tendo direito a voto no conselho deliberativo.

Além da pandemia, enfrentamos outros desafios, como o restauro do Palácio do Comércio, nossa sede. Já batemos na porta do Governo Federal, do  IPHAN, já que é um prédio mais que centenário. Estamos com um projeto de captação de recursos pela Lei de Incentivo e otimistas com o que vamos conseguir para fazer o restauro - o último foi em 2019. Queremos entregar esse prédio como um equipamento cultural para a Cidade do Recife, explorando a história dos 183 anos da instituição.

Outro desafio que temos é quanto ao Bairro do Recife, principalmente o Marco Zero. Queremos atrair a população e turistas para usar este espaço. Junto com o Porto Digital queremos trazer inovação e trazer as pessoas a esse equipamento, porque o Centro do Recife é um equipamento que nos finais de semana é utilizado para lazer, onde o usuário, o turista, pode ter uma experiência melhor de entretenimento.

Quais as vantagens em ser um associado?
A principal vantagem é a representatividade, a associação tem essa função de representar segmentos diversos. Podemos fazer pleitos aos poderes públicos, e isso é um fortalecimento. Com nossa classe fortalecida, temos um maior poder de barganha.

Temos pleitos exclusivos judicialmente, medidas que fazemos pensando no retorno para o associado. A instituição precisa de associados para movimentar o setor para poder interferir de forma precisa, promovendo a fluidez dos negócios, que é o objetivo, já que assim geramos mais emprego, girando melhor a economia.

Os associados ainda têm a possibilidade de participar de eventos de relacionamento para que possam surgir negócios, troca de experiências para solucionar problemas, encontrando caminhos.

O que esperar para o futuro da ACP?
O lema dessa gestão é rumo aos 200 anos. Não queremos deixar a entidade definhar. Hoje acredito que o associativismo está se reinventando e vai voltar a ter pontos não mais de serviços exclusivos, e sim de condições exclusivas. Não é só preço, atendimento, é todo um contexto exclusivo que é preciso ter.
As associações precisam ser o palco onde as grandes empresas procuram soluções, procuram parceiros, fornecedores. É a associação que está interagindo com os empresários, do pequeno ao grande.

A tendência é que possamos ser um facilitador por conta do excesso de burocracia que existe. Se uma empresa de fora vem se instalar aqui, ela procura associações para saber informações, porque somos um filtro com responsabilidade. De agora em diante serviremos mais como ponte, do que como um destino final.

 

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