Gilberto Freyre: o respeito pela cultura local e as relações internacionais
Lanço aqui um desafio de, em um futuro próximo, aproximarmos a Tropicologia com as Relações Internacionais e da Diplomacia Econômica
O pluralismo cultural do Brasil, um país de território extenso, diferentes regiões topográficas, climáticas, economias sociais e culturais, é um tema que merece reflexão e estudo para aquele que pretende enveredar no complexo mundo dos negócios internacionais. A exata compreensão dos costumes e seus desdobramentos, em nossa sociedade, como vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições tem impacto direto no sucesso ou fracasso.
Referência, que deveria ser obrigatória, mas, ao meu ver, muito pouco estudada e debatida dentro dos cursos de Relações Internacionais, é a obra do grande sociólogo pernambucano Gilberto Freyre.
“O Brasil é a mais avançada democracia racial do mundo”. - Gilberto Freyre
O conteúdo macrossociológico da obra dos anos trinta de Gilberto Freyre é uma fonte inesgotável de reflexões e argumentação fundamental para conhecermos o nosso passado, presente e futuro.
Muito além da miscigenação e a história da vida privada, creio que o ponto principal desta argumentação seria reconstruir o embate entre valores ocidentais da Europa já burguesa, que tomam o país de assalto a partir de 1808, em contrapartida dos valores tradicionais que Freyre chama de orientais para se referir ao conjunto de valores africanos, portugueses e rurais da vida colonial brasileira e seus reflexos no posicionamento do país frente as Relações Internacionais e, finalmente, no Comércio Exterior Brasileiro.
As brilhantes intuições de sua juventude são concluídas na sua maturidade acerca da especificidade e singularidade da formação social brasileira, sendo de início a forma do questionar-se acerca das peculiaridades e transformações de uma cultura europeia nos trópicos, para depois transforma-se em Tropicologia.
A Tropicologia, ciência específica a qual, já referendada pelos sábios da Sorbonne (Freyre, 1969, p. 20), dedica-se ao estudo do homem nas condições tropicais. Lanço aqui um desafio de, em um futuro próximo, aproximarmos a Tropicologia com as Relações Internacionais e da Diplomacia Econômica.
“Sem um fim social o saber será a maior das futilidades” - Gilberto Freyre
*Empresário há 35 anos e Presidente do Iperid (primeiro Think Tank do Nordeste) – Instituto de Pesquisa Estratégica em Relações Internacionais e Diplomacia, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da DBG - Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife Boa Viagem. ([email protected])
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