Google, Amazon, Duolingo... 2024 começa com rodada de demissões em empresas de tecnologia
Número de cortes de funcionários de tecnologia atingiu o pico no primeiro trimestre de 2023 e diminuiu gradativamente desde então
O novo ano começou para o setor de tecnologia com várias empresas anunciando cortes significativos de vagas. É uma reminiscência de como 2023 começou, que precedeu a maior retração do setor em mais de uma década.
A Alphabet, empresa controladora do Google, está demitindo centenas de funcionários que trabalham em sua assistente digital Google Assistant e na equipe de hardware de realidade aumentada. Também foram afetados pelos cortes os funcionários da central de engenharia da empresa.
As reduções ocorrem enquanto o negócio principal de busca da Google sente a pressão das ofertas rivais de inteligência artificial da Microsoft e da OpenAI, criadora do ChatGPT. Em conversas com investidores, executivos da Google prometeram analisar suas operações para identificar áreas onde podem fazer cortes e liberar recursos para investir em suas maiores prioridades.
"Durante a segunda metade de 2023, várias de nossas equipes fizeram mudanças para se tornarem mais eficientes e trabalharem melhor, alinhando seus recursos às suas maiores prioridades de produtos", disse um porta-voz da Google em comunicado. "Algumas equipes continuam a fazer esse tipo de mudanças organizacionais, que incluem eliminações de funções globalmente."
Os funcionários afetados começaram a receber a notícia e terão a oportunidade de se candidatar a vagas abertas em outras áreas dentro da Google, informou a empresa.
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Os trabalhadores na gigante de buscas têm estado tensos desde janeiro do ano passado, quando a controladora Alphabet disse que cortaria cerca de 12.000 empregos, mais de 6% de sua força de trabalho global. No entanto, a empresa continuou a fazer cortes menores ao longo de 2023, incluindo demissões em equipes focadas em recrutamento, produtos de notícias e no aplicativo de mapeamento Waze.
Enquanto o grande corte em janeiro de 2023 foi antecipado pelo CEO da Alphabet, Sundar Pichai, as reduções deste ano foram comunicadas por líderes de nível inferior, como vice-presidentes e gerentes de Recursos Humanos, segundo um funcionário atual e um ex-funcionário.
O Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet, que representa parte de seus funcionários, criticou os cortes de empregos em um comunicado publicado na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
"Nossos membros e colegas de equipe trabalham duro todos os dias para construir ótimos produtos para nossos usuários, e a empresa não pode continuar demitindo nossos colegas enquanto lucra bilhões a cada trimestre", disse o grupo. "Não vamos parar de lutar até que nossos empregos estejam seguros!"
Nova leva de demissões
Nesta semana, a Amazon também demitiu centenas de funcionários em unidades de criação de conteúdo, incluindo Prime Video e o site de transmissão ao vivo Twitch, o que levantou questões sobre se outra grande rodada de demissões estava em andamento no Vale do Silício.
A Unity Software, que cria a tecnologia que sustenta jogos móveis populares como Pokemon Go, também anunciou que reduzirá sua força de trabalho em 25%, eliminando cerca de 1.800 empregos.
Embora menores do que os cortes do ano passado da Meta, dona do Facebook e do WatsApp, e da Salesforce, as ações mostram que a indústria de tecnologia ainda não voltou ao crescimento rápido registrado em grande parte da última década. Com taxas de juros mais altas, muitas empresas reorientaram seu foco para se concentrar no lucro em vez do crescimento da receita.
Os cortes de empregos da Amazon são "provavelmente apenas uma medida para simplificar ainda mais os custos e melhorar a eficiência para aumentar os ganhos", disse Poonam Goyal, uma analista da Bloomberg Intelligence.
No caso do Google, as medidas são uma extensão da reorganização iniciada no ano passado, e os funcionários terão a oportunidade de se candidatar a outras vagas abertas dentro da empresa, afirmou um porta-voz da gigante de buscas.
A ansiedade dos trabalhadores é particularmente aguda em empregos criativos que podem ser afetados pela proliferação da inteligência artificial generativa, que pode reduzir a quantidade de trabalho necessária para produzir textos ou vídeos. A Duolingo, que cria um aplicativo de aprendizado de idiomas amplamente utilizado, cortou 10% de seus contratados, como tradutores, em parte devido ao aumento do uso de IA.
Em Wall Street, a expectativa é que 2024 traga uma onda de fusões após um 2023 calmo para os negociadores desses acordos. Historicamente, grandes aquisições resultaram em redundâncias de mão de obra. Após anunciar uma fusão de US$ 14 bilhões com a Juniper Networks, o CEO da Hewlett Packard Enterprise, Antonio Neri, disse na quarta-feira, em entrevista à Bloomberg Television, que os custos poderiam ser reduzidos na Juniper por meio da automação.
Perspectivas para o mercado de trabalho em tecnologia
Apesar dos sinais de desânimo, os dados mostram que o mercado de trabalho está se estabilizando. O número de demissões de funcionários de tecnologia atingiu o pico no primeiro trimestre de 2023 e diminuiu gradativamente desde então, de acordo com o Layoffs.fyi, que rastreia reduções de empregos em toda a indústria.
O site calculou que 1.186 empresas de tecnologia eliminaram um total de mais de 262.600 empregos no ano passado. Dezoito empresas do setor demitiram 2.945 trabalhadores desde 1º de janeiro, segundo o site.
- Diria que a poeira está assentando - você está começando a ver empresas se preparando para dizer que o pior já passou - disse Bert Bean, diretor executivo da Insight Global, uma empresa de recrutamento.
Mesmo que as reduções de força de trabalho tenham se estabilizado, muitos empregadores continuam focados no lucro. Bean acrescentou que as empresas permanecem cautelosas em relação à contratação e é menos comum que os candidatos a emprego recebam várias ofertas.