Governo avalia que PIB de 2020 foi melhor que projeções, mas destaca incerteza elevada
"As incertezas econômicas continuam elevadas e, especialmente, o primeiro trimestre deste ano será desafiador", afirma Ministério da Economia
Após o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciar que a economia brasileira retraiu 4,1% em 2020, o Ministério da Economia afirmou nesta quarta-feira (3) que o resultado indica uma reversão das estimativas de mercado e de organismos internacionais feitas ao longo do ano, que apontavam para uma retração ainda mais aguda.
Nota informativa produzida pela Secretaria de Política Econômica da pasta, no entanto, afirma que as incertezas econômicas continuam elevadas e defende vacinação em massa e reformas estruturais para uma melhora na confiança do país.
"Diante da pior crise de saúde pública da história, cujas repercussões econômicas só são comparáveis com a recessão provocada na Segunda Guerra Mundial, o Brasil mostrou pronta reação", afirma o documento.
De acordo com a pasta, a melhora no indicador no segundo semestre foi puxado por uma recuperação da indústria e do comércio, que retomaram patamares observados antes da pandemia.
O ministério atribui o resultado à adoção de medidas emergenciais de mitigação dos efeitos da crise sanitária.
O resultado do ano veio melhor do que o projetado pelo Ministério da Economia, que esperava uma queda de 4,5% para 2020. Já o Banco Central estimava uma queda de 4,4%.
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O FMI (Fundo Monetário Internacional) chegou a prever, em junho do ano passado, que o PIB brasileiro cairia 9,1% em 2020. Há pouco mais de um mês, revisou essa estimativa para uma queda de 4,5%.
Apesar do crescimento no quarto trimestre, a economia brasileira não voltou ao nível pré-crise. Ainda está 1,2% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado também se encontra 4,4% abaixo do pico registrado no início de 2014. Ou seja, ainda não se caracteriza uma recuperação em "V".
"As incertezas econômicas continuam elevadas e, especialmente, o primeiro trimestre deste ano será desafiador", afirma.
Para o ministério, além da aprovação de reformas pelo Congresso, a atividade econômica em 2021 será estimulada pela reserva de poupança feita pelos brasileiros durante a pandemia.
"A queda de 4,1% nos colocou em posição relativa melhor do que muitos países, mostrando novamente a efetividade, celeridade e adequação das medidas, que foram tomadas em um ambiente de elevadíssima incerteza", afirmou o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.
Diante da piora dos números da pandemia no início deste ano, com elevação das mortes e medidas de isolamento, Waldery afirmou que o governo vai usar a experiência do ano passado para estimular a recuperação, especialmente com medidas que não gerem custo fiscal. Para este ano, a pasta espera uma alta do PIB de 3,2% em 2021.