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GOVERNO LULA

Governo e BC se reúnem nesta quinta (29) para discutir a meta da inflação. Veja o que está em jogo

Haddad defende adotar meta contínua, no lugar de meta para o ano-calendário

Os ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que integram o CMNOs ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que integram o CMN - Foto: Reprodução

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne nesta quinta-feira (29) e deve discutir um ajuste no sistema de metas de inflação. Formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela titular do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o CMN tem como principal missão definir as diretrizes da política monetária do país. O resultado da reunião sai no fim do dia.

O ministro Haddad tem defendido publicamente uma mudança nos parâmetros adotados hoje para que o país tenha um sistema em que a meta de inflação seja contínua. É isso que será discutido.

Atualmente, a meta é definida seguindo o ano calendário. Para 2023, o objetivo a ser perseguido pelo BC é manter a inflação em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em 2024, a meta é de 3% e deve ser mantida, disse Haddad à colunista do Globo Miríam Leitão, em entrevista à GloboNews.

— O ano que vem já está definido, estamos discutindo o futuro de 2025 para a frente. Agora o que eu venho defendendo é que só dois países adotam a meta de inflação em ano-calendário. E isso na minha conta causa apreensão desnecessária que a todo ano tem que recolocar o problema.

Impacto nos juros
Mudar esta sistemática pode ser decisivo para os rumos da taxa de juros no país. O encontro do CMN nesta semana será a primeira reunião de Campos Neto com Haddad depois de o BC manter os juros básicos do país em 13,75% ao ano e não sinalizar claramente uma redução da Taxa Selic em agosto, o que irritou o governo.
 

As projeções do mercado, segundo o último Boletim Focus, estão em queda. Analistas reduziram a previsão para a inflação pela sexta semana consecutiva, de 5,12% para 5,06%.

O principal objetivo do BC ao definir a Selic é seguir a meta de inflação, definida pelo CMN. Cabe ao banco prestar contas sobre isso.

Críticas de Lula
O Conselho Monetário Nacional se reúne todos os meses, mas, tradicionalmente, apenas nas reuniões de junho são discutidas as metas de inflação. Este ano, o tema escalou em importância, depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerir um aumento na meta, como estratégia para permitir um corte mais rápido da Taxa Selic.

A ideia, no entanto, é fortemente contestada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que alega que a estratégia pode ter o efeito contrário.

O CMN trata quase sempre de assuntos técnicos, referentes à moeda ou a políticas de crédito no país.

Na reunião de quinta-feira, no entanto, o governo deve inovar e fazer uma alteração no prazo de cumprimento da meta. Em vez de se tentar chegar a um número em dezembro, ou seja, pelo ano calendário, a meta passaria a ser “contínua”.

Isso poderia reduzir a volatilidade da Selic e desestimular, como disse o próprio Campos Neto, que governos adotem medidas pontuais para evitar o estouro da meta. Essa mudança aproximaria o Brasil de outros países que utilizam o sistema de metas de inflação.

Na avaliação do governo, o patamar atual dos juros funciona como entrave ao crescimento econômico. Há temor de que a demora para reduzir os juros básicos afete a eficácia da política fiscal, no momento em que o governo concentra esforços na aprovação do novo arcabouço no Congresso.

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