Governo federal recua e desiste de leiloar o Galeão junto com Resende
Técnicos concluíram que a medida poderia levar à judicialização, porque o certame do Galeão teve empresas concorrentes que perderam a disputa
Menos de dez dias depois de o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, sugerir em entrevista ao Globo uma nova concessão para o Galeão, em conjunto com o aeroporto de Resende, no Sul Fluminense, a ideia foi descartada pela sua própria equipe.
Segundo interlocutores do ministério, técnicos chegaram à conclusão de que a medida poderia levar à judicialização, porque o leilão do Galeão teve empresas concorrentes que perderam a disputa. Elas poderiam se sentir prejudicadas, já que a relicitação seria feita em novos termos, e recorrer aos tribunais.
Uma reunião entre os governos federal, estadual e prefeitura do Rio de Janeiro foi agendada para o dia 24, para discutir o assunto. O Ministério de Portos e Aeroportos acena com uma nova análise, mais robusta, de reequilíbrio econômico da concessão do Galeão.
Leia também
• Receita federal apreende quase R$ 500 mil em metanfetamina e heroína no Galeão
• Brasileira é presa em flagrante no Galeão com 2,5kg de cocaína
• Changi desiste de devolver Galeão e quer negociar permanência no país
Mas quer também incentivos por parte do governo estadual, principalmente em forma de redução de ICMS, para manter a Changi, o grupo de Cingapura que administra o aeroporto.
A avaliação atual, dizem essas fontes a par do assunto, é de que mesmo que todos os voos do Santos Dumont fossem transferidos para o Galeão, o aeroporto não se sustentaria financeiramente.
Editorial: Voos que lotam Santos Dumont deveriam migrar para o Galeão
O Galeão foi leiloado em 2013, por R$ 19 bilhões, com ágio de 294%. Mas o ritmo de crescimento do setor aéreo no país não se confirmou, com crises na economia e a pandemia, que derrubaram o volume de passageiros e as receitas projetadas. A Changi tem 51% da concessionária RIOgaleão e a Infraero, 49%.
Em fevereiro de 2022, a RIOgaleão decidiu devolver a concessão. Em fevereiro deste ano, porém, o grupo voltou atrás e decidiu permanecer no terminal, mas com a tentativa de renegociação do contrato.