Governo Lula tenta manter negociação com EUA sobre tarifas, mas analisa reação
Exportações brasileiras para o mercado americano serão tarifadas pelo menor patamar, assim como produtos da Cingapura e do Reino Unido. Entenda os critérios
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai avaliar os cenários decorrentes da aplicação de uma tarifa de 10% sobre a importação de produtos brasileiros, anunciada, nesta quarta-feira, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Após essa avaliação, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir qual o melhor caminho.
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Segundo um integrante do governo Lula, qualquer movimento vai depender de uma análise criteriosa e completa. Paralelamente, seguirão as negociações entre Brasil e EUA mirando um acordo para que as exportações brasileiras não sejam prejudicadas.
A expectativa é que, se não houver acordo entre os dois países, o Brasil recorra à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Outro caminho seria retaliar os EUA com a elevação de tarifas e, ainda, a adoção de medidas em uma área sensível para os americanos: a propriedade intelectual.
Com isso, poderia haver taxação de filmes, musicais e livros e a cassação de patentes de medicamentos de uso não controlado, conforme publicou O Globo na última terça-feira.
O presidente dos Estados Unidos anunciou nesta tarde o que chama de "tarifas recíprocas" a serem aplicadas a todas as importações que entram no mercado americano.
Ele apresentou uma enorme placa com a lista de países, a tarifa que estas nações supostamente aplicam aos produtos americanos e o quanto os EUA passarão a cobrar desses parceiros a partir da meia-noite desta quinta-feira.
O Brasil aparece na lista dos países com a menor tarifa a ser cobrada, de 10%. Este será o patamar mínimo, disse Trump.
Assim como o Brasil, outros países que ficarão com os 10% são Reino Unido e Cingapura.
Veja abaixo a lista completa e entenda, na sequência, os critérios adotados:
Camboja - 49%
Vietnã - 46%
Sri Lanka: 44%
Tailândia - 36%
China - 34%
Taiwan - 32%
Suíça - 31%
Paquistão: 29%
Coreia do Sul - 25%
Japão - 24%
Malásia - 24%
União Europeia - 20%
Reino Unido - 10%
Brasil - 10%
Austrália: 10%
Turquia: 10%
Colômbia: 10%
Entenda os critérios
Na tabela apresentada por Trump, os países são listados de acordo com o que essas economias praticam de barreiras comerciais aos EUA.
O governo Trump considerou um conjunto de critérios: a diferença entre a tarifa de importação aplicada pelos EUA e pelo parceiro em questão, os impostos internos no país e, ainda, barreiras não-tarifárias.
O critério do governo americano foi sobretaxar em metade do que seria o nível de proteção.
Mas é um critério amplamente criticado por especialistas, ao confundir imposto interno com tarifa.
Além disso, é muito difícil mensurar em temos quantitativos barreiras não-tarifárias, como as que exigem certificação de origem para fins ambientais e de proteção de propriedade intelectual.
O Brasil aparece com nível de proteção de 10%. Por isso, receberá uma sobretaxa de 10%, que é o patamar mínimo definido pelo decreto de Trump.
Além das tarifas por país, Trump confirmou que vai impor 25% de taxa a todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos a partir de meia-noite.
Ele já havia mencionado essa medida na semana passada e a confirmou hoje