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NEGÓCIOS

Governo Milei vai investigar compra da Telefónica na Argentina pela Telecom para "evitar monopólio"

Em comunicado, gabinete do presidente diz que negócio coloca nas mãos de apenas um grupo 70% do setor de telecomunicações

O presidente da Argentina, Javier MileiO presidente da Argentina, Javier Milei - Foto: Luis Robayo / AFP

O governo investigará a compra das operações da espanhola Telefónica pela Telecom Argentina para avaliar se a aquisição resulta na formação de um monopólio no setor. O anúncio foi feito pelo gabinete do presidente Javier Milei em sua conta na rede social X, em uma mensagem com duras críticas aos compradores. A operação foi realizada na tarde de segunda-feira pelo valor de US$ 1,25 bilhão (R$ 7,2 bilhões).

A Telecom Argentina pertence 40% à CVH (acionistas do Grupo Clarín, holding de um dos maiores jornais do país), outros 40% à Fintech (do investidor David Martínez) e o restante é negociado na Bolsa de Valores.

Para o governo, com essa operação, “70% dos serviços de telecomunicações ficariam nas mãos de um único grupo econômico, o que geraria um monopólio formado graças a décadas de benefícios estatais”. Caso isso se confirme, advertiu a administração Milei, todas as medidas necessárias serão tomadas “para evitá-lo”.

No mesmo texto, alertou que a execução dessa compra iria contra a livre concorrência e prejudicaria o processo de desinflação. Além disso, criticou o comprador por ser um potencial monopólio “criado à sombra de décadas de benefícios estatais”.

“O marco regulatório vigente estabelece um sistema de controle sobre transferências, cessões e aquisições das licenciadas dos serviços de informação e comunicações e, assim como ocorre em outros países do Ocidente, o governo nacional está comprometido em evitar a formação de um novo monopólio, criado à sombra de décadas de benefícios estatais, que iria contra a livre concorrência e prejudicaria o processo de desinflação”, continua a nota.

O comunicado finaliza assim: “Este governo reduziu a inflação no segmento de comunicações de 15,6% em dezembro de 2023 para 2,3% em janeiro deste ano e está determinado a continuar esse processo. Tomaremos todas as medidas para garantir o direito de escolha dos usuários, a livre concorrência e a acessibilidade aos serviços de telecomunicação”.

Em sintonia com o comunicado emitido pela Presidência, o Ente Nacional de Comunicações (Enacom) divulgou uma nota na última sexta-feira, antecipando a transação e relembrando as regras do setor.

“Diante de informações de conhecimento público sobre a venda da operação argentina do Grupo Telefónica, o Enacom informa que o marco regulatório vigente estabelece um sistema de controle sobre transferências, cessões e aquisições das licenciadas dos serviços de TIC”, declarou, acrescentando que esses controles garantem o direito de escolha dos usuários, a livre concorrência, a acessibilidade e a viabilidade econômica dos serviços.

Sobre o processo de autorização da venda, o órgão oficial afirmou que o ecossistema formado pelo Enacom e pela Comissão Nacional de Defesa da Concorrência (CNDC) atua como “garantia da transparência do processo, da proteção dos direitos e dos princípios de livre concorrência, evitando a formação de posições de oligopólio”.

Telefónica confirma venda para a Telecom
A Telefónica também confirmou na tarde de segunda-feira a operação de compra e venda em um comunicado oficial. Explicou que a venda se insere na política de gestão de carteira de ativos do Grupo Telefónica e está alinhada à sua estratégia de reduzir gradualmente a exposição na América Latina, conforme antecipado pelo jornal La Nación.

A Telefónica da Argentina foi fundada em 1990 após a privatização da Empresa Nacional de Telecomunicações. Atualmente, conta com cerca de 20 milhões de clientes por meio da Movistar, sua marca de telefonia móvel.

Por sua vez, a Telecom adiantou que, com a compra da Telefónica, continuará expandindo a infraestrutura digital do país, aumentando a cobertura da banda larga fixa e móvel, além de acelerar a implementação da fibra óptica e do 5G.

Os compradores divulgaram seu próprio comunicado:

“A operação aproveitará a complementaridade territorial e de clientes de ambas as empresas, além da maior capacidade de investimento, permitindo que suas soluções tecnológicas e serviços tenham a mesma qualidade para todos os clientes, independentemente da região em que estejam. Isso elevará o mercado argentino a padrões internacionais e fortalecerá sua competitividade em termos de velocidade, largura de banda e confiabilidade da rede”.

“Com essa operação, a Telecom demonstra mais uma vez sua disposição de continuar investindo na Argentina, dentro das condições macroeconômicas atuais, que trazem maior certeza e estabilidade para o investimento privado e competitivo”, afirmou Roberto Nobile, CEO da Telecom.

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A empresa contou com o BBVA como consultor da transação e obteve um financiamento inicial de US$ 1,17 bilhão do BBVA, Deutsche Bank, Santander e ICBC. De acordo com a regulamentação vigente, a companhia está realizando as devidas apresentações aos órgãos reguladores.

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