Governo prepara medidas para destravar crédito imobiliário, diz Haddad
Ideia da Fazenda é limpar balanço dos bancos abrindo espaço para novos empréstimos
O governo prepara medidas para destravar o crédito imobiliário no país, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (2), durante participação no 10º Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI. Ele afirmou que as medidas devem ser anunciadas em breve e que a ideia da Fazenda é liberar do balanço dos bancos uma parte desse crédito para que as instituições possam emprestar mais.
— Queremos criar um mecanismo de equalização dos diversos índices que indexam as prestações da casa própria, que o mercado de longo prazo exige, do ponto de vista dos recebíveis. O mercado lida melhor com IPCA, mas a TR indexa as prestações do mercado imobiliário. A ideia é empacotar esses recebíveis que estão na carteira de um banco como a Caixa, por exemplo, limitando novos empréstimos, e transferi-los ao mercado — explicou Haddad, sem dar ainda muitos detalhes.
Leia também
• Gasto tributário triplicou em 10 anos e isso é disfuncional, diz Haddad
• Haddad diz estar confiante de que reequilíbrio de contas públicas acontecerá em prazo curto
• Haddad pede 'pacto' entre poderes após decisão de Pacheco sobre desoneração de municípios
Haddad afirmou que a medida já está madura e que foi discutida com a Caixa, banco do Brasil, Banco Central, além da Abrainc, associação que representa as incorporadoras, além de empresários do setor.
— Se conseguirmos induzir esse processo e tivermos um ambiente macroeconômico mais positivo, com taxa de juros mais civilizadas e inflação controlada, podemos alavancar o crédito imobiliário, não da noite para o dia, mas dentro de um processo gradual — explicou Haddad, lembrando que nenhum país saiu da renda baixa para a renda média sem enfrentar a questão da construção civil e que, o crédito foi o instrumento principal dessa revolução.
Haddad lembrou que a oferta de crédito imobiliário é baixa, o equivalente a 9% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em países de renda média a oferta gira entre 26% a 30% do PIB.