Logo Folha de Pernambuco

PRIVATIZAÇÃO

Governo tenta derrubar liminar que coloca em risco privatização da Eletrobras

Mesmo que o governo consiga derrubar rapidamente a decisão, a expectativa é de briga jurídica até o último minuto da privatização da Eletrobras.

EletrobrasEletrobras - Foto: Divulgação

A Justiça do Rio concedeu uma liminar a favor da Associação dos Empregados de Furnas, que pediu a suspensão de uma etapa considerada crucial para a privatização da Eletrobras. Estava marcada para esta segunda (6) uma assembleia de detentores de debêntures (títulos de dívida) de Furnas, subsidiária da estatal. O objetivo era aprovar um aporte de capital na Hidrelétrica de Santo Antônio.

No prospecto da oferta de ações que viabiliza a privatização da Eletrobras, a empresa informa que se esta etapa não for terminada até hoje, a operação estaria suspensa. O objetivo da União é concluir a privatização até meados deste mês. O governo já se mobiliza para derrubar a liminar, e a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai recorrer.

Mesmo que o governo consiga derrubar rapidamente a decisão e conquiste o aval dos credores de Furnas para o aporte de capital na hidrelétrica hoje, a expectativa é de briga jurídica até o último minuto da privatização da Eletrobras.

Na ação, a Associação dos Empregados, representada pelo escritório Souza Neto e Tartarini Advogados, afirma que não foram respeitados o prazo mínimo para a realização de uma assembleia de detentores de debêntures em segunda convocação, o quórum exigido para o evento e as regras mínimas de compliance e governança da empresa. Na semana passada, uma primeira assembleia foi convocada, mas não foi alcançado o quórum mínimo.
 

Santo Antônio passou a necessitar de um aporte de recursos para quitar o pagamento de uma decisão arbitral (que ainda não é definitiva) contrária à empresa. A usina precisará de uma injeção de até R$ 1,58 bilhão.

O aporte vai arcar com os custos de uma disputa arbitral aberta pelo consórcio construtor da usina por despesas geradas no atraso da entrega do empreendimento.

Furnas detém 43% do capital da Madeira Energia (Mesa), que controla a usina. Os demais sócios são Caixa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Cemig.

Após o aporte de capital, Furnas passará a ter até 72,36% do capital votante e total da Mesa, segundo prospecto da Eletrobras. Na prática, passa a controlar a Hidrelétrica de Santo Antônio.

Antes de obter esse aval dos credores, Furnas já fez uma injeção de recursos na empresa nesta semana, no valor de R$ 681,4 milhões.

A decisão liminar que suspende a assembleia foi dada pela juíza de plantão Isabel Teixeira Coelho Diniz, do Tribunal de Justiça do Rio. Segundo a decisão, “o aporte antecipado da primeira ré (Furnas) de R$ 681.446.626,81, sem aprovação da AGD (Assembleia Geral de Debenturistas) pode vir a caracterizar o rompimento do contrato de debêntures”.

Esta discussão é considerada crucial para a privatização porque, se não houver o aval dos credores, pode ser declarado o vencimento antecipado de uma série de dívidas envolvendo a usina. Isso geraria uma espécie de gatilho e deflagraria o vencimento antecipado de débitos de Furnas e da Eletrobras.

Segundo a Eletrobras, isso significaria vencimento antecipado de 42% do endividamento consolidado da companhia, que soma R$ 41,638 bilhões. Procurada, a Eletrobras informou que qualquer posicionamento será comunicado formalmente ao mercado.

Veja também

Petrobras anuncia nesta quinta (21) novo plano de investimentos. Veja o que esperar
BRASIL

Petrobras anuncia nesta quinta (21) novo plano de investimentos. Veja o que esperar

Lula lança programa para renegociar contratos de estradas federais hoje sob administração privada
GOVERNO FEDERAL

Lula lança programa para renegociar contratos de estradas federais hoje sob administração privada

Newsletter